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Parceria entre UFV e Ghent University concede a estudante brasileiro título de doutor no Brasil e na Bélgica

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 20/jan/2015 -

por Elaine Nascimento

Em parceria com a Ghent University, a UFV realizou mais uma defesa de tese em cotutela com dupla diplomação. O estudante do Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Wagner Faria Barbosa, defendeu a tese “Toxicity of reduced-risk (bio)pesticides on non-Apis bees”, alcançando ao mesmo tempo o título de doutor pela UFV e pelo programa de Ciências Biológicas Aplicadas, da Ghent University (Bélgica).

Banca defesa Wagner Faria BarbosaParticipantes da defesa: Guy Smagghe (Ghent University, Bélgica), Lessando Gontijo (UFV, Florestal), Wagner Faria Barbosa, Maria Augusta L. Siqueira (UFV), Raul Narciso Guedes (UFV), Terezinha Della Lucia (UFV) e Chris Cutler (Dalhousie University, Canadá).

A cotutela permite ao doutorando fazer a sua tese sob a responsabilidade de dois orientadores. O estudante defende a tese uma única vez e recebe a titulação dos dois países. O estudante Wagner Barbosa contou com a orientação, no Brasil, do professor Raul Narciso Guedes e, na Bélgica, do professor Guy Smagghe. O professor Guy orientou o estudante durante o doutorado sanduíche na Ghent University e veio ao Brasil para compor a banca de defesa de tese realizada na UFV, no dia 8 de janeiro.

Além da dupla diplomação de Wagner, segundo o professor Raul Narciso Guedes, a parceria firmada com a Ghent University gerou também a prospecção de outras iniciativas com mais colegas da UFV e o início de uma série de trabalhos com pesquisadores da universidade belga.

Internacionalização

A UFV tem realizado frequentemente várias ações visando intensificar a sua internacionalização. O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Eduardo Seiti Mizubuti, afirma: “Juntamente com a Diretoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (DRI), realizamos viagens buscando parcerias, recebemos delegações estrangeiras, promovemos em 2014 dois workshops internacionais, participamos de eventos em que instituições de vários países estão presentes, incentivamos os programas de pós-graduação a buscarem parcerias e oferecemos suporte aos interessados”.

A defesa em cotutela com dupla diplomação em parceria com a Ghent University foi a terceira realizada na UFV. Anteriormente, duas defesas dessa natureza ocorreram entre o Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFV e o programa Vie-Agro-Santé, do Agrocampus Ouest de Rennes (França). Em breve, outras defesas deverão ocorrer. A UFV tem convenções firmadas com a University of Queensland (Austrália), Universidad de Valladolid (Espanha) e AgroCampus Ouest de Rennes.

O pró-reitor avalia que “parcerias com outras universidades do mundo é um avanço muito grande para a maior inserção internacional dos programas de pós-graduação da UFV e uma oportunidade excelente para a formação diferenciada dos doutores”.

 Raul Guedes, Wagner Barbosa e Guy SmaggheO estudante Wagner Faria Barbosa e seus orientadores, os professores Raul Narciso Guedes (UFV) e Guy Smagghe (UGent).

Conheça algumas das principais pesquisas que estão sendo desenvolvidas na UFV

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 15/jan/2015 -

por Elaine Nascimento

Em 2014, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) realizou uma série de matérias sobre as principais pesquisas em curso na UFV. Antes de retomar a divulgação dos trabalhos desenvolvidos pelos demais programas de pós-graduação, a PPG relembra os principais assuntos abordados ao longo do ano passado. Confira nos links abaixo e não deixe de acompanhar em breve as novidades que serão divulgadas por aqui, no Facebook e também no Twitter.

Pesquisas desenvolvidas na UFV

Pesquisadores da UFV investigam técnica inovadora que auxilia no diagnóstico e prevenção de lesões em atletas

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/nov/2014 -

A termografia não é uma tecnologia recente, mas a sua aplicação no esporte é inovadora. Ela vem sendo utilizada como forma de detecção precoce de contusões. No Cruzeiro Esporte Clube, houve uma redução de mais de 80% na ocorrência de lesões entre os jogadores.

por Elaine Nascimento

Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFV, desde 2008, vêm se dedicando a uma nova linha de pesquisa: a termografia aplicada à medicina do esporte. A termografia contribui para a integridade física dos atletas e vem ganhando os centros de treinamento dos clubes de futebol no Brasil. Os times do Cruzeiro, Botafogo e Boa Esporte  já aderiram à tecnologia. Utilizando imagens termográficas é possível identificar o local exato onde poderia se iniciar um processo inflamatório e, assim, prevenir uma lesão muscular ou articular de um atleta.

Termografia UFV

Na termografia, uma câmera infravermelha capta ondas de calor que o corpo emite e um software quantifica essa temperatura. A imagem termográfica mostra cores diferentes baseadas na temperatura registrada. De acordo com o professor João Carlos Bouzas Marins, que lidera as pesquisas sobre termografia aplicada à medicina do esporte na UFV, “os lados direito e esquerdo do nosso corpo, em condições normais, têm a mesma temperatura. Quando ocorre uma diferença de temperatura entre os dois lados indica algum problema, como, por exemplo, um quadro inflamatório, tanto em nível muscular quanto articular. Se aceita uma diferença de temperatura entre os lados do corpo de até 0,5 ºC. Quando ultrapassa esse valor é sinal que tem um desequilíbrio”.

TERMOGRAFÍAImagem termográfica indicando diferenças de temperatura entre o joelho direito e o esquerdo de um atleta.

A tecnologia que já era conhecida das áreas militar, construção civil e medicina, chegou ao meio esportivo nos anos 2000, em países da Europa. No Brasil, o primeiro time a adotar a termografia foi o Botafogo, clube onde o professor João Carlos Bouzas conheceu a técnica. Em 2012, o pesquisador foi para a Espanha fazer pós-doutorado na área, no Instituto Nacional de Educación Física, da Universidad Politécnica de Madrid.

De acordo com o especialista da UFV, existem outras formas de mensurar a temperatura corporal. Contudo, “nenhuma outra é tão vantajosa. A termografia é versátil, oferece perspectiva da área do corpo toda ou fotos de regiões específicas. Não é uma técnica invasiva. É rápida, em 10 minutos se tiram fotos termográficas. Não oferece riscos, pois não emite radiação. Ela apenas capta radiação”. Acrescendo-se que para operar o equipamento não é necessária formação específica. Com treinamento, qualquer integrante da comissão técnica estará apto a utilizar. A única exigência é que as fotos sejam feitas numa sala que apresente condições adequadas para não interferir no resultado das imagens.

Um dos poucos clubes brasileiros a adotarem a termografia até o momento, o Cruzeiro vem colhendo bons resultados, que se refletem no ótimo desempenho do time nas últimas temporadas. De acordo com o professor João Carlos, o Cruzeiro começou a utilizar a termografia como teste de rotina, em janeiro de 2013, e desde então houve uma redução de mais de 80% nas lesões. “Tendo em vista os altos salários que os jogadores recebem, isso significa que o atleta não vai ficar parado por muito tempo por causa de uma lesão”, destaca o professor da UFV sobre o custo-benefício de se investir na termografia. Segundo o pesquisador, um equipamento de boa qualidade custa em torno de 60 mil reais e é um investimento único, que só proporciona retorno e benefícios ao clube.

Abertura do Edital PROBIC/FAPEMIG 2015-2016

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/nov/2014 -

           A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), da Universidade Federal de Viçosa, torna público o lançamento do presente Edital e faz saber aos interessados que estarão abertas, de 04 de novembro às 17h30min do dia 02 de dezembro de 2014, as inscrições para candidatos à bolsa do PROBIC/FAPEMIG – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais e administrado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV.

        O PROBIC tem a finalidade de despertar e desenvolver o interesse de estudantes de graduação pelas atividades de pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e especialidades. Como parte da política da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação objetiva-se, por meio deste programa, ampliar as oportunidades dos docentes que concluíram o doutorado a partir de 2010 de orientarem bolsistas de iniciação científica e promoverem o fortalecimento da linha de pesquisa em que atuam. Para tanto, do montante de 210 (duzentos e dez) bolsas concedidas pela FAPEMIG será destinada a cota de 46 (quarenta e seis) bolsas aos jovens doutores, conforme critérios explicitados no item 5 deste edital.

EditalFapemig2015

Abertura do Edital FUNARBIC 2015-2016

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/nov/2014 -

        A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), da Universidade Federal de Viçosa, torna público o lançamento do presente Edital e faz saber aos interessados que estarão abertas, de 04 de novembro às 17h30min do dia 02 de dezembro de 2014, as inscrições para candidatos à bolsa de Iniciação Científica do FUNARBIC – Programa de Apoio a Iniciação Científica da FUNARBE (Fundação Arthur Bernardes), implementado em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV. O programa propõe ampliar as oportunidades de orientação de iniciação científica aos docentes que concluíram o doutorado nos últimos cinco anos e promover o fortalecimento da linha de pesquisa em que atuam.

EditalFunarbic 2015-2016

Físicos da UFV apostam no nanomagnetismo para desenvolver aparelhos cada vez mais potentes

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 23/out/2014 -

Utilizando dispositivos nanomagnéticos, poderiam ser desenvolvidos, por exemplo, aparelhos com baterias mais duráveis e memórias de armazenamento ampliadas.

por Elaine Nascimento

Celulares e computadores mais potentes e menores do que os aparelhos atuais. A melhoria desses produtos seria uma das possíveis aplicações da magnetricidade, uma alternativa ao uso da eletricidade. Dispositivos desenvolvidos a partir do nanomagnetismo têm potencial para maior armazenamento e transporte de informação. Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada da UFV foram responsáveis por demonstrar pela primeira vez que é possível criar monopolos em sistemas magnéticos nanoestruturados – são os chamados gelos de spin artificiais. Nesses sistemas, é como se os polos positivo e negativo dos ímãs se separassem. O movimento das cargas magnéticas isoladas pode gerar uma corrente denominada magnetricidade.

Clodoaldo de Araújo_UFVO físico Clodoaldo Irineu Levartoski de Araújo lidera as pesquisas experimentais sobre nanomagnetismo na UFV.

De acordo com o físico Clodoaldo Irineu Levartoski de Araújo, que lidera as pesquisas experimentais na UFV, a equipe trabalha com magnetismo numa escala nano, o que significa dizer que é numa dimensão muito reduzida, por isso fala-se de dispositivos nanométricos. “Quando a gente diminui o tamanho das coisas, conseguimos controlar melhor as propriedades magnéticas” – explica.

Utilizando dispositivos nanométricos, poderiam ser desenvolvidos, por exemplo, aparelhos com baterias mais duráveis e memórias de armazenamento ampliadas. Segundo o pesquisador da UFV, o nanomagnetismo é uma tecnologia promissora porque oferece maior grau de liberdade e maior densidade de informação, pode melhorar a velocidade dos aparelhos e tem gasto de energia menor, uma vez que esses dispositivos não aquecem. O físico acredita, inclusive, que essa tecnologia será mais barata que as utilizadas atualmente, como silício e carga elétrica, porque exige poucas etapas para se chegar a um dispositivo nanométrico.

Para obter um dispositivo nanomagnético, os pesquisadores produzem milhares de ímãs muito pequenos, invisíveis a olho nu, e os organizam em arranjos sobre uma superfície. Dessa geometria controlada, surge uma partícula emergente que se comporta como um ímã de único polo. De acordo com o pesquisador, “até 2010, esses polos emergentes nunca haviam sido observados experimentalmente. Estavam previstos apenas na teoria. O movimento dos polos isolados gerando uma corrente magnética foi feito pela primeira vez na UFV”.

A geometria empregada nesse sistema é denominada Gelo de Spin, por apresentar algumas semelhanças com a configuração do gelo da água. Utilizando um microscópio especial, os pesquisadores conseguem visualizar os gelos de spin e conseguem controlar a corrente de monopolos magnéticos. Segundo o professor Clodoaldo, o grupo de pesquisa da UFV cria artificialmente os monopolos magnéticos e os faz movimentar, gerando corrente magnetrônica ou magnetricidade. Ele afirma que é possível fazer ilhas que geram monopolos como desejar: “você pode manipular e mudar os desenhos para obter melhores resultados”.

As etapas de análise e caracterização dos dispositivos nanomagnéticos são desenvolvidas na UFV. Já a fabricação das amostras de nanoestruturas, a equipe da UFV realiza no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), localizado no Rio de Janeiro, porque lá tem a máquina de nanolitografia necessária. Hoje, apenas o CBPF e a Unicamp dispõem desse equipamento no Brasil. O professor Clodoaldo informa que o objetivo é que, futuramente, a UFV também adquira uma máquina de nanolitografia. Isso permitirá à UFV, além de fabricar as próprias amostras, também oferecer treinamento aos pesquisadores para que operem o equipamento. Atualmente, o professor Clodoaldo é um dos poucos pesquisadores aptos a operá-lo no Brasil. Ele assegura: “a gente tem interesse em desenvolver novas tecnologias e também formar recursos humanos”.

O físico explica que as nanoestruturas são necessárias porque o foco é a aplicação tecnológica. A pesquisa encontra-se em fase inicial, mas já comprovou que é possível gerar carga magnética através de nanoestruturas. O pesquisador da UFV destaca: “A Física mostra a factibilidade das coisas e os engenheiros fazem a adaptação ao mercado”. E pelo visto, possibilidades para aplicação da nova tecnologia é o que não vai faltar, já que os dispositivos nanométricos vêm atender à necessidade de aparelhos cada vez mais potentes e com tamanho menor.

Edital PROFIAP Nº 001/2014 – Segunda Chamada/UFV

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 16/out/2014 -

Leia o Edital

Pesquisadores usam tecnologia de luz síncrotron no estudo de alternativas para produção de fertilizantes no Brasil

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 10/out/2014 -

por Léa Medeiros

Pesquisadores do Departamento de Solos da UFV são os pioneiros das geociências no Brasil no uso da tecnologia de luz síncrotron em pesquisas que podem levar à produção de novos fertilizantes, à melhor compreensão da dinâmica e ao destino de nutrientes e elementos tóxicos no ambiente e ao estudo de processos biogeoquímicos que ocorrem em áreas remotas como a Antártica. As pesquisas estão sendo realizadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), e já estão trazendo resultados para a produção de fertilizantes a partir de fontes alternativas de minerais.

LNLSA equipe que trabalha com Fertilidade dos Solos na UFV é pioneira no Brasil na realização de pesquisas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas.

O GeFert, como é chamado o Grupo de Estudos em Fertilizantes da UFV, também tem  conseguido sucesso na busca por alternativas viáveis para produção de Fósforo (P) e Potássio (K) que, juntamente com o Nitrogênio (N), formam o NPK, principal composto químico das fórmulas dos fertilizantes minerais usados para obtenção de produtividades economicamente satisfatórias. A importância da pesquisa se justifica pela extrema dependência que o Brasil tem de importação de fertilizantes minerais.

O mundo sabe que a agricultura movimenta a economia brasileira e que os grandes cultivos do Cerrado geram as tão desejáveis commodities do agronegócio para produção de alimentos, exportação e crescimento econômico. Mas não seria assim se não fossem os fertilizantes. Os solos do Cerrado são pobres e dependentes desses fertilizantes para produzir alimentos, fibras e biocombustíveis. O problema é que, se o Brasil é grande exportador do agronegócio, ele é também um grande importador de fertilizantes. E não é só o Brasil. A maioria dos países produtores agrícolas depende de fontes externas de Nitrogênio, Potássio, Fósforo e Enxofre.

O Brasil compra 90% do Potássio e 55% do Fósforo que utiliza nos fertilizantes agrícolas e essa demanda tende a aumentar 3% ao ano apenas para manter a produção agrícola atual. Estima-se que o consumo brasileiro deverá ultrapassar 200 milhões de toneladas em 2015.  É por isso que, há muito tempo, os principais gigantes agrícolas discutem como reduzir a dependência dos países produtores de fertilizantes, que controlam os preços dos produtos como querem e podem se tornar uma ameaça à segurança alimentar no caso de conflito internacional ou boicote à comercialização destes minerais.

Em busca de fontes alternativas

Nos países onde estão as principais jazidas, o Fósforo e o Potássio são facilmente retirados das minas onde foram sedimentados em rochas durante a evolução do planeta. Mas há outros minerais que contêm estes elementos químicos e é neles que o GeFert procura alternativas para aumentar a produção e reduzir a dependência dos produtos importados. “Nunca vamos ter as mesmas fontes abundantes destes países, mas temos alternativas possíveis no Brasil. Contudo, não basta apenas descobrir as fontes. É preciso descobrir meios eficientes de retirar os elementos dos minerais sem custos que inviabilizariam a produção”, diz o professor Leonardus Vergütz, membro do GeFert.

O professor Edson Mattielo, também integrante do grupo, explica que algumas fontes destes nutrientes são até abundantes no Brasil, mas apresentam baixas solubilidade e eficiência agronômica e, por isso, já foram descartadas. Este era o caso do verdete, uma rocha rica em Potássio, comum na região central de Minas Gerais. O problema é que, comparado às jazidas tradicionais, no verdete, o Potássio é encontrado em baixas concentrações e está muito preso a estruturas químicas difíceis de serem liberadas, o que encarece a extração. Para isso, os pesquisadores estudam tratamentos térmicos com a adição de diferentes fundentes e de microrganismos capazes de solubilizar o mineral e de produzir adubos potássicos.

Estas pesquisas envolvem parcerias com os departamentos de Microbiologia e Fitopatologia da UFV. Os resultados obtidos pelo GeFert são promissores e poderão gerar novas patentes para o Brasil e reduzir a dependência internacional. “As pesquisas serão fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias de produção de fertilizantes, com fontes alternativas e viabilidade econômica e ambiental”, comenta o professor Edson Mattiello.

Equipe GeFertOs professores Leonardus Vergutz (esquerda) Edson Mattielo (direita) e o estudante Rodolfo Fagundes em pesquisas utilizando Luz Síncrotron.

Luz síncrotron

Além dos problemas de produção, as tecnologias para uso de fertilizantes não evoluíram muito nos últimos 30 anos. Por isso, a equipe do GeFert também se dedica a compreender como são as estruturas moleculares dos principais elementos nesses fertilizantes. De uma mesma rocha podem sair, por exemplo, proporções diferentes de cloretos, silicatos e outros compostos químicos que a indústria classifica genericamente apenas como Potássio.

Com as tecnologias disponíveis, a identificação precisa de cada composto ainda não era possível. Foi então que os pesquisadores de Viçosa buscaram o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Esta tecnologia permite conhecer, com precisão, a espécie química de cada elemento presente na rocha e o ambiente químico no qual está inserido.

Todo o acompanhamento das transformações ocorridas durante os diferentes tratamentos aplicados ao verdete, por exemplo, só foi possível pelo uso das técnicas espectroscópicas avançadas disponíveis no LNLS. Numa mesma amostra do fertilizante potássico obtido, eles identificaram a formação de diferentes proporções de silicato e cloreto de potássio. Os cloretos são os sais de potássio mais utilizados nos fertilizantes. Porém, os silicatos são materiais nobres e mais caros, que podem ter aplicações na indústria farmacêutica e cerâmica.

O desenvolvimento de um processo de separação dessas duas formas poderia viabilizar economicamente a extração de potássio do verdete, mesmo que em baixas concentrações. A equipe está procurando entender mecanismos e interações que acontecem em escalas ínfimas, mas os dados obtidos podem gerar resultados surpreendentes para o agronegócio no país. “Embora, esse tipo de trabalho possa parecer uma ciência muito básica, sem aplicação prática, é somente através do conhecimento gerado por essas pesquisas que novas tecnologias podem ser propostas e testadas”, explica o professor Leonardus.

Além do Grupo de Fertilidade do Solo, outros professores do Departamento de Solos da UFV também têm desenvolvido estudos no LNLS relacionados ao sequestro de carbono na matéria orgânica do solo, disponibilidade e destino de elementos tóxicos e de metais terras raras no ambiente e caracterização e processos de formação de solos antárticos. Dentre eles estão também participam das pesquisas os professores Leônidas Carrijo de Azevedo Melo, Ivo Ribeiro da Silva, Roberto Ferreira de Novais, Nairam Félix de Barros, Liovando Marciano da Costa, Jaime Wilson Vargas de Mello, Reinaldo Cantarutti, Maurício Paulo Ferreira Fontes e Carlos Ernesto Gonçalves Reynaud Schaefer.

Instrucões titulandos – Cerimônia de outubro de 2014

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/set/2014 -

Instruções titulação-25-9-2014

Estudo indica estratégias que melhoram o setor agrícola diante das mudanças climáticas

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 23/set/2014 -

por Elaine Nascimento

Ocupando ao mesmo tempo o papel de vítima e vilã, a agricultura precisa se adaptar às mudanças climáticas e também mitigar os prejuízos que provoca ao meio ambiente. Por isso, o grupo de pesquisa da UFV “Economia dos Recursos Naturais e Ambientais” investiga estratégias que podem ser adotadas no setor e que resultam em ganhos econômicos e ambientais. De acordo com os estudos, irrigação, melhoramento genético de plantas e integração lavoura-pecuária-floresta são algumas das técnicas que podem diminuir a vulnerabilidade do setor agrícola e tornar os agricultores brasileiros menos expostos às mudanças climáticas.

Grupo de pesquisa Economia dos Recursos Naturais e Ambientais

O professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada, Dênis Antônio da Cunha, lidera o grupo de pesquisa que envolve as áreas de economia, agronomia, biologia e meteorologia. Ele afirma que “a agricultura é o setor mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas. A produção agrícola depende diretamente de condições ambientais adequadas. Mas além de sofrer com as alterações, a agricultura também causa mudanças no clima ao emitir gases de efeito estufa. O Brasil é um dos grandes responsáveis por alimentar a crescente população mundial. Portanto, é preciso adotar práticas que aumentem a resiliência do produtor, e é urgente que os sistemas se intensifiquem, produzindo mais alimentos só que em bases sustentáveis”.

Nesse sentido, uma série de medidas poderia ser adotada, desde as mais simples como alterar datas de plantio e colheita, até técnicas mais avançadas. Inicialmente, a equipe concentrou os estudos em duas medidas: irrigação e melhoramento genético de plantas. Com base nos cenários delineados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores da UFV simulam o crescimento econômico futuro do setor agrícola no Brasil considerando a adoção de possíveis medidas adaptativas.

Para os estudos sobre irrigação, desenvolvidos em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o grupo contou com o financiamento do Latin American and Caribbean Environmental Economics Program (LACEEP). O professor Dênis informa que, apesar de ter apresentado crescimento nos últimos anos, o uso de irrigação no Brasil ainda é baixo, menos de 10% da área plantada no país.

De acordo com os resultados da pesquisa, que correspondem ao valor agregado para todo o Brasil, nos próximos 40 anos, a produção de sequeiro poderá sofrer perdas de rendimentos que variam de 6,5 a 10,5% em relação à produção atual. Ao passo que se o país ampliar a irrigação poderá obter aumento de lucratividade na ordem de 3,5 a 5,5% nos próximos 40 anos. O pesquisador ressalta “que não se trata de alarmismo. Mas a situação é preocupante já que a agricultura é um dos setores que mais contribuem para a geração de renda no Brasil”.

Apesar de ter espaço para expansão e ser lucrativa para o setor, a irrigação é uma medida conflitante. O professor Dênis explica que “embora o aumento do uso de irrigação diminua a vulnerabilidade na agricultura, os estudos indicam que a probabilidade dos produtores adotarem essa medida nos próximos anos é decrescente, devido à provável redução da disponibilidade hídrica. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que se não manejada adequadamente, a irrigação pode causar sérios prejuízos, como salinização do solo, contaminação dos recursos hídricos e redução da disponibilidade de água para outras atividades”.

Os pesquisadores apostam em outras medidas para suprir essa lacuna, como o uso de sementes geneticamente modificadas e cultivares resistentes ao estresse hídrico e/ou térmico. Os estudos revelam que se o melhoramento genético for amplamente empregado, até 2039, a produção agrícola brasileira poderá apresentar aumento na lucratividade de até 12,7% em relação ao valor da produção atual.

Mais ganhos econômicos, menos prejuízos ambientais

Equipe do professor Dênis Antônio da Cunha

No tocante à mitigação das emissões de gases de efeito estufa pelo setor agrícola, o grupo agora pesquisa sobre sistemas agroflorestais (SAF’s), uma prática de produção sustentável  e diversificada, que integra lavoura, pecuária e floresta. Os SAF’s, além de possibilitar a fixação de carbono e nitrogênio e, assim, ajudar na redução das emissões de gases de efeito estufa, podem melhorar a produção de alimentos a nível local, criando impactos positivos para a segurança alimentar.

O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG), ainda não finalizou os cenários de desempenho econômico futuro, mas o pesquisador da UFV destaca que em todas as simulações em que há adaptação espera-se ganhos para os produtores. “A adaptação é necessária. Perda de produtividade gera aumento de preços, afetando principalmente as pessoas mais pobres que gastam a maior parte da sua renda com alimentos. Perde o agricultor e perde o consumidor de gêneros alimentícios” – explica.

O professor Dênis alerta que não basta apenas identificar boas medidas de adaptação, é necessário incentivo governamental para aplicá-las. “Você sabe que a medida é custo efetiva. Mas, ao mesmo tempo, boa parte dos agricultores não tem acesso a ela. É preciso ter políticas de crédito que auxiliem o produtor a arcar com os custos da adaptação e ter um amplo trabalho de extensão rural que leve conhecimento técnico aos produtores. O treinamento visando o uso adequado da terra é fundamental para gerar bem estar econômico sem gerar prejuízos ambientais”.

Na tentativa de compreender como os produtores rurais percebem as mudanças climáticas, a equipe da UFV iniciou uma nova linha de investigação: a percepção ambiental. Com projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela FAPEMIG, a equipe vai a campo entrevistar produtores rurais em diferentes regiões do Brasil para conhecer a realidade de cada uma delas e entender  de fato como os agricultores estão lidando com as mudanças climáticas. Contando com a parceira da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e da Embrapa Semi-Árido, a pesquisa começou na bacia hidrográfica do Rio das Contas, no estado da Bahia. Na sequência, chegará aos cafeicultores da Zona da Mata mineira.

Após conhecer a realidade local de cada uma das regiões produtoras, o próximo passo será analisar a política brasileira de mudanças climáticas, para verificar se as medidas de mitigação propostas tornarão os produtores menos vulneráveis em termos de aumento da produtividade e lucratividade. Essa etapa do trabalho está prevista para o próximo ano e será desenvolvida em parceria com o Instituto Potsdam para Pesquisas de Impacto Climático (PIK), da Alemanha.

Para saber mais sobre alguns resultados das pesquisas, leia o artigo publicado na revista Environment and Development Economics.