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Mapas produzidos por pesquisadores da UFV permitem visualizar uso agrícola do solo

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 17/maio/2016 -

Um conjunto de quase 500 mapas de altíssima resolução irá permitir ao Brasil enxergar como está utilizando suas terras destinadas à agricultura e à pecuária. Será também um olhar ao longo da história agrícola dos últimos 70 anos. Ao mirar passado e presente, será possível planejar o futuro com a esperança de que é possível crescer economicamente sem que mais nenhuma árvore seja arrancada da Amazônia ou do Cerrado. Os mapas estão disponíveis para quem quiser consultá-los e fazem parte de uma tese de doutorado em preparação no Departamento de Engenharia Agrícola da UFV.

O trabalho é pioneiro no Brasil. A pesquisadora Lívia Dias, orientada pelo professor Marcos Heil da Costa, combinou dados dos censos agropecuários realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com imagens de satélite. Usando ferramentas matemáticas, os pesquisadores combinaram os dados para distribuir as principais culturas agrícolas do Brasil em áreas já desmatadas. Os mapas têm tamanha precisão que é possível visualizar o uso agrícola do solo no território brasileiro a cada quilômetro quadrado. O trabalho, segundo os pesquisadores, é consistente com todos os dados agrícolas disponíveis e estima onde e como os solos brasileiros têm sido utilizados pela agricultura e pecuária ao longo do tempo.

A pesquisa avaliou o padrão do uso do solo e das mudanças de produtividade para quatro dos principais usos agrícolas no Brasil: soja, milho, cana-de-açúcar e pastagens. Por isso, o resultado dá subsídios importantes tanto para evitar a ocupação agrícola da Amazônia quanto para planejar o uso do solo no Brasil para que o país continue sendo um grande produtor no agronegócio.

Boas notícias
O professor Marcos Heil afirma que os resultados avaliados ao longo do tempo permitem analisar tendências que não serão revertidas facilmente. “O Brasil está mudando o modelo agrícola de extensivo para intensivo rapidamente e essa é uma mudança de direção que parece ser definitiva. Essa tendência começa a ser percebida a partir de 1985. A área total utilizada pela agropecuária está sendo reduzida, mas a produção está aumentando”.

Os pesquisadores concluem que das quatro culturas analisadas, a soja e a cana-de-açúcar já atingiram a produtividade máxima possível com as tecnologias disponíveis atualmente. “A cultura do milho já alcançou dois terços do que é possível atingir em produtividade, mas a pecuária ainda está na metade do caminho. Há um enorme espaço para crescer sem que haja expansão de área”, diz o professor Heil. Para chegar às conclusões sobre déficit de produtividade, os pesquisadores compararam as médias atuais com os resultados obtidos pelos 5% dos produtores mais produtivos.

Os dados históricos mostram a notória baixa sustentabilidade da agropecuária no Brasil. “O Brasil adotou um modelo de expansão que sempre preferiu estender a área a buscar produtividade. Primeiro foi a Mata Atlântica, depois o Cerrado e, agora, a Floresta Amazônica. Este modelo de expansão de áreas não se sustenta mais. Este processo, felizmente, está sendo revertido”, afirma o orientador da pesquisa.  Os resultados mostram que, apesar da fronteira agrícola ainda estar em expansão na Amazônia e no Cerrado, as taxas são muito menores que antes e a área destinada à agropecuária está reduzindo ao longo do Sul e Leste do país. A boa notícia é que a produtividade está crescendo rapidamente em todo o Brasil. “O país está se movendo lentamente em direção a uma agropecuária mais intensiva e sustentável”, conclui Heil.

A pecuária
Os mapas produzidos pelos pesquisadores mostram com precisão o que muitos já sabem. São 53 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em solos em franco processo de degradação. Mas a autora da tese de doutorado, Lívia Dias, afirma que houve redução das áreas de pastagens em todas as regiões analisadas, exceto na Amazônia. Mas o lento processo de transferência de tecnologia ainda faz com que, em pelo menos 35% da área total de pastagens, a taxa de lotação de bovinos seja inferior a uma cabeça por hectare.

Os dados da pesquisa mostram que o Brasil tem uma área do tamanho de Minas Gerais que pode ser usada para a expansão da agricultura desde que haja recuperação do solo. “A recuperação ou substituição das pastagens depende de tecnologia e investimentos. Mesmo as áreas produtivas podem melhorar muito a produção. Com tecnologia adequada, a área disponível para produção agrícola no Brasil poderia ser maior que o equivalente a toda a região Sudeste e não haveria necessidade de expansão para regiões ainda com vegetação nativa, diz Lívia.

Um artigo com os resultados deste estudo foi publicado na Global Change Biology, um dos mais prestigiados periódicos científicos internacionais na área de Ciências Ambientais. Esses resultados dão ainda mais argumentos para vários outros trabalhos publicados pela equipe do professor Marcos Heil Costa no Grupo de Pesquisa em Interação Atmosfera-Biosfera da UFV. O grupo tem demonstrado cientificamente que o desmatamento da Floresta Amazônica e do Cerrado terá impactos negativos no clima da região e irá afetar negativamente a produção agrícola e pecuária nacional.

O estudo fornece uma visão histórica abrangente do uso do solo e da produtividade na agricultura e na pecuária. Segundo Lívia, “os resultados demonstram que reduzir o déficit de produtividade pode aumentar drasticamente a produção do agronegócio e fornece informações claras para orientar o planejamento territorial e as decisões políticas para a agricultura sustentável”.

Os mapas podem ser visualizados e baixados em http://www.biosfera.dea.ufv.br e o artigo da Global Change Biology pode ser conferido neste link.

(Léa Medeiros)

Integram a equipe Ana Beatriz, Marcos Heil, Lívia Dias e Fernando Pimenta

Integram a equipe Ana Beatriz, Marcos Heil, Lívia Dias e Fernando Pimenta

 

Mestrado e doutorado em Agroquímica – 27/04 a 10/06/2016

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 13/maio/2016 -

Estão abertas as inscrições para o Mestrado e Doutorado em Agroquímica. Para mais informações, clique no link abaixo.

http://www.posagroquimica.ufv.br/area/noticia/35.

Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal para o segundo semestre de 2016

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 03/maio/2016 -

As inscrições para o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal para o segundo semestre de 2016 ocorrerão no período de 03/05 a 16/06/2016. Clique no link abaixo para acessar o edital.

EDITAL MESTRADO PROFISSIONAL EM DEFESA SANITÁRIA VEGETAL 2016 II (23-04-2016)

Pesquisadores da UFV clonam gene que confere resistência à principal doença da soja no Brasil

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 27/abr/2016 -

 

O alto índice de impacto da Revista Nature Biotechnology (41.514) dá a dimensão da importância do conteúdo do artigo nela publicado no dia 25 de abril. Pesquisadores do Departamento de Fitopatologia e do Instituto de Biotecnologia Aplicado à Agropecuária (Bioagro) da UFV desenvolveram uma planta geneticamente modificada capaz de resistir à ferrugem asiática da soja, a principal doença da cultura no Brasil. Os pesquisadores foram buscar no feijão guandu o gene que a soja precisava para resistir ao fungo que causa prejuízos astronômicos à cultura mais importante para o agronegócio no país.

A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Para combatê-la, os produtores brasileiros usam cada vez mais fungicidas. Além dos conhecidos problemas ambientais decorrentes do uso desses produtos, o custo médio para o controle da doença no Brasil é estimado em US$ 2 bilhões por safra. O problema é agravado pelo fato de o fungo estar cada vez mais resistente ao uso desses defensivos. A pesquisa da UFV pode ser uma alternativa para tornar a soja resistente, reduzindo os impactos da doença que afeta as folhas e reduz a produtividade das lavouras.

O trabalho foi coordenado pelo professor Sérgio Herminio Brommonschenkel, do Departamento de Fitopatologia, e financiado pela Two Blades, uma fundação americana que financia projetos direcionados ao desenvolvimento de resistência durável a doenças em plantas.  Foram oito anos de trabalhos intensos até a publicação dos resultados. Entre os autores do artigo estão estudantes de doutorado e de iniciação científica orientados pelo professor Sérgio, além de pesquisadores do The Sainsbury Laboratory, da Inglaterra, e da empresa DuPont Pioneer, parceiros na pesquisa.

De acordo com o professor Sérgio, o grande impacto da pesquisa é a demonstração do potencial de diferentes espécies de leguminosas como fontes de resistência para a ferrugem asiática da soja e possivelmente de outras doenças importantes nessa cultura.  Embora pertençam à mesma família das leguminosas, o feijão e a soja são espécies diferentes e não se cruzam naturalmente. Os pesquisadores tiveram que identificar e mapear o gene de resistência no feijão guandu, para depois cloná-lo e transferi-lo para a soja por meio da transformação genética. “A planta resistente obtida é transgênica e ainda precisa ser testada e passar por todas as etapas de análise de biossegurança e de avaliação agronômica antes do uso comercial, mas acreditamos que tenha um futuro promissor”, disse o professor da UFV. Segundo ele, “outros genes de resistência em outras espécies de leguminosas já foram identificados e estão em fase de mapeamento e clonagem. O objetivo é reunir esses diferentes genes em uma mesma variedade de soja para obter uma outra com resistência mais durável.

O artigo A pigeonpea gene confers resistance to Asian soybean rust in soybean foi publicado na edição do dia 25 de abril da Nature Biotechnology, o periódico científico de maior impacto na área de biotecnologia, de acordo com o Journal Citation Reports®. A pesquisa irá compartilhar a capa do próximo número do periódico, juntamente com dois outros artigos que descrevem a clonagem de genes de resistência em trigo e batata.

( Léa Medeiros)

Mais informações sobre a pesquisa estão nos links:
http://www.tech.com.pk/2016/04/three-new-gm-crops-will-change-farm.html
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2016-04/tbf-sad042216.php
http://gizmodo.com/youll-be-seeing-a-lot-of-these-three-genetically-modifi-1772866290 

 

A pesquisa foi coordenada pelo prof. Sérgio Brommonschenkel ( ao centro)

A pesquisa foi coordenada pelo prof. Sérgio Brommonschenkel ( ao centro)

Pesquisadores da UFV chegam à ilha de James Ross,na Antártica, para estudar mudanças climáticas globais

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/abr/2016 -

O Núcleo de Pesquisa Terrantar da Universidade Federal de Viçosa está completando 15 anos com uma característica típica desta idade: o impulso de ir mais além para descobrir um pouco mais, ainda que para isso seja preciso arriscar-se em novas aventuras no gelo.  Em expedições anuais à Antártica, o continente gelado, o núcleo desenvolve estudos sistemáticos sobre a resposta dos ecossistemas terrestres às mudanças climáticas observando as relações do solo com a vegetação. Desta vez, três pesquisadores da UFV chegaram à ilha de James Ross, região pouquíssimo conhecida e inédita para estudos sobre solos gelados (permafrost) e mudanças climáticas.

O Núcleo Terrantar faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera que reúne pesquisadores brasileiros que realizam estudos no Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Os pesquisadores do Departamento de Solos da UFV, liderados pelos professores Carlos Ernesto Schaefer e Marcio Francelino, participam do Proantar desde 2011. Desde então, o programa já levou dezenas de pesquisadores ao continente gelado em busca de evidências e informações que estão ajudando a entender o aquecimento global. “Já formamos 16 doutores e pelo menos 12 mestres em assuntos antárticos, que hoje formam um grupo pioneiro e engajado em estudos de mudanças climáticas em ambientes polares, e suas conexões com Brasil. Estes pesquisadores trabalham em várias instituições que dão continuidade ao trabalho iniciado há 15 anos, colocando o Brasil em posição de destaque na produção científica sobre a Antártica”, diz o professor Schaefer.

A Antártica é uma região de grande sensibilidade climática para registrar e guardar arquivos preciosos do clima global, permitindo estudar as relações entre aquecimento global, degelo e aumento do nível do mar, um dos focos do projeto. Com o apoio da Marinha,pesquisadores da UFV e de outras instituições brasileiras aproveitam o verão Antártico para realizar pesquisas contínuas.

Nestes 15 anos, os pesquisadores da UFV já instalaram 26 sítios permanentes de estudos sobre mudanças climáticas na Antártica.  Neles, estão instalados sensores que emitem dados sobre temperatura e umidade a cada hora. A cada ano é preciso visitar os sítios para dar manutenção nos sensores e coletar dados nos locais onde não é possível que estes dados sejam enviados por satélite. Para isso, os pesquisadores ficam de um a dois meses na Antártica a cada ano. Mas este ano foi diferente.

A novidade é que presença de pouco gelo marinho e o descongelamento do mar permitiu finalmente, após cinco anos de espera, que o professor Carlos, acompanhado dos pesquisadores Eduardo Senra e Mayara de Paula, chegasse à Ilha de James Ross, no mar de Weddell, do outro lado da península e muito distante da Ilha Rei Jorge onde ficava a estação antártica brasileira antes do incêndio que a destruiu, em 2012.   “A James Ross é a nossa cereja do bolo. É um local geologicamente único e o lugar  que faltava para cobrir todo o gradiente climático possível da península Antártica”, conta Carlos Schaefer.

O projeto inicial era permanecer na ilha instalando sensores e coletando material de pesquisa por apenas alguns dias, mas o professor Schaefer relata que uma série de contratempos impediu que o navio da marinha brasileira resgatasse a equipe na data planejada. Por isso, a equipe teve que esperar um mês, acampada e sobrevivendo apenas com provisões que haviam levado. Valeu a pena! Além de aprofundar os estudos da região, os três brasileiros e outros dois alemães, que fazem parte da equipe de Schaefer, ajudaram outros sete paleontólogos do Museu Nacional do Rio de Janeiro que estavam na expedição à caça de fósseis.   “Fomos resgatados quase um mês depois da data planejada já com o mar congelando e com nevascas que tornavam ainda mais difícil nossa estada na Ilha, mas deu tudo certo. Saímos com segurança e valeu a pena todo o sacrifício”

Schaefer explica que a ilha James Ross é formada por um conjunto de rochas vulcânicas marinhas atípicas e clima quase desértico. Lá, o clima e a vegetação não favorecem o habitat de animais como focas e pingüins. Por causa do clima seco, os pesquisadores esperavam encontrar uma região com poucas plantas, mas foram surpreendidos com áreas de vegetação exuberante. “Nós queremos entender porque os substratos vulcânicos favorecem o desenvolvimento da vegetação, apesar do clima desfavorável. Este é um dos enigmas que a tese de doutorado da pesquisadora Mayara de Paula vai ajudar a esclarecer com as amostras que coletamos nos local”.

No final de março, o Jornal Folha de São Paulo dedicou um caderno inteiro às expedição dos pesquisadores à Ilha James Ross. Para ler a reportagem do jornalista Marcelo Leite, clique aqui.

( Léa Medeiros)

Clique aqui para ver algumas fotos da expedição

 

 

Professor Carlos Schaefer em busca de amostras de solos para pesquisas que ajudam a entender o aquecimento global

Professor Carlos Schaefer em busca de amostras de solos para pesquisas que ajudam a entender o aquecimento global

 

 

Abertura dos Editais de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC, PIBIC-Af, PIBITI e UFVCredi 2016-2017

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 01/abr/2016 -

Abertura dos Editais de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC, PIBIC-Af, PIBITI e UFVCredi 2016-2017

 

Pelo presente faz-se saber que estarão abertas, no período de 01 de abril a 02 de maio de 2016, as inscrições para seleção de orientadores e bolsistas do PIBIC, PIBIC-Af, PIBITI e UFVCredi 2016-2017.

 

Inscrições – acesse https://www2.dti.ufv.br/sisppg/scripts/portal/

 

Editais

EditalPIBIC2016

EditalPIBIC-Af2016

EditalPIBITI2016

EditalUFVCredi2016

UFV tem editais de seleções de mestrado e doutorado abertos

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 31/mar/2016 -

30/03/2016

Estão abertas inscrições para processos seletivos de turmas de mestrado e de doutorado da Universidade. Os interessados devem ficar atentos aos seguintes prazos:

Agroecologia (mestrado): inscrições até 15 de abril
Biologia Celular e Estrutural (doutorado e mestrado): inscrições até 30 de maio
Bioquímica Aplicada (doutorado e mestrado): inscrições até 31 de março
Ciência Florestal (doutorado e mestrado): inscrições até 15 de abril
Entomologia (doutorado e mestrado): inscrições até 25 de abril
Extensão Rural (doutorado e mestrado): inscrições até 13 de maio
Genética e Melhoramento (doutorado e mestrado): inscrições até 30 de março
Matemática (mestrado): inscrições até 13 de maio
Medicina Veterinária (doutorado e mestrado): inscrições até 16 de maio
Solos e Nutrição de Plantas (doutorado e mestrado): inscrições até 15 de abril
Zootecnia (doutorado e mestrado): inscrições até 10 de maio
Zootecnia (mestrado profissionalizante): inscrições até 13 de maio

Todas as informações necessárias para as inscrições estão disponíveis nos sites da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e do Sistema de Pesquisa e Pós-graduação

Manual oferece orientações para profissionais e cuidadores de crianças com paralisia cerebral

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 30/mar/2016 -

 

“Se o médico falou que a criança apresenta como diagnóstico a paralisia cerebral, isto não quer dizer que o cérebro da criança está paralisado!” Esse é um dos tantos esclarecimentos do Manual Prático de Orientações para Profissionais e Cuidadores de Crianças com Paralisia Cerebral. O material, que apresenta dicas sobre os cuidados adequados para crianças acometidas pela lesão, é fruto da pesquisa de mestrado de Jaqueline Miranda Barbosa, orientada pela professora Eveline Torres, dentro do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFV.

Como descreve o manual, a Paralisia Cerebral (PC) envolve um grupo de desordens permanentes que afetam o movimento e a postura das crianças, causando limitações nas atividades do dia a dia. É resultado de lesões não progressivas que ocorrem no cérebro do bebê ou da criança em crescimento. Diante dos problemas clínicos, alterações de movimentos e posturas, uma criança com PC precisa ser cuidada adequadamente para não comprometer o seu bem-estar e desenvolvimento. Por isso, o manual dá algumas orientações e informações, além de ajudar a avaliar as necessidades das crianças.

A motivação para a pesquisa, que resultou no manual, surgiu da participação da Jaqueline no Programa de Atividade Física Adaptada da UFV (Proafa). Nos atendimentos às crianças com PC, em vulnerabilidade social, a fisioterapeuta percebeu que a maioria das mães dos pacientes não sabia como cuidar adequadamente de seus filhos. Uns dos principais erros constatados, por exemplo, é achar que crianças com PC não sabem se comunicar ou não têm capacidade de brincar. Percepções equivocadas, segundo Jaqueline: “as crianças nessa situação apresentam comprometimento motor, mas é muito importante estimulá-las. Elas não podem ficar só na cama ou na cadeira de rodas como se estivessem em estado vegetativo”.

Outro fator preocupante que Jaqueline verificou nos atendimentos no Proafa foi a não utilização de órteses, como botas e coletes nas crianças com PC. Esses aparelhos ortopédicos podem evitar ou amenizar a escoliose, luxações de quadril e contraturas. Além da possibilidade de provocar dor na criança futuramente, esses problemas podem afetar o desenvolvimento de suas capacidades funcionais. A partir dessa constatação, ao ingressar no Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFV, em 2012, Jaqueline começou a buscar artigos científicos que relatassem as preocupações, necessidades e dificuldades dos pais/cuidadores. Com as dúvidas mais recorrentes levantadas, somadas à experiência da fisioterapeuta no Proafa, foi elaborado um manual ilustrativo, prático, com linguagem simples. Ele é composto por duas partes: a primeira, que aborda o significado, tipos, causas e consequências da PC; e a segunda, que apresenta sugestões para facilitar a alimentação, vestuário, higiene, banho, orientações de posicionamento, exercícios de alongamentos e brincadeiras.

O manual, impresso pela Divisão Gráfica da UFV, começou a ser distribuído gratuitamente para cuidadores de crianças com PC. Márcia Martins trabalha na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de Teixeiras (MG), e cuida de nove alunos nessa situação. Para ela, o manual “ajudou muito em seus atendimentos” porque alguns procedimentos que adotava em seu trabalho de forma equivocada foram corrigidos e outros acrescentados. Márcia ainda disse que gostou do material por ele ser “muito fácil de ser entendido e muito bem explicado”.

De acordo com Eveline Torres, orientadora do trabalho e coordenadora do Proafa, o manual foi “uma conquista muito grande”, tendo em vista que nos atendimentos do Programa era possível observar que aspectos do processo de desenvolvimento das crianças estavam com um prejuízo significativo pela falta de informação. “Os profissionais de saúde que atendem nas unidades básicas, muitas vezes, não têm o conhecimento específico sobre a paralisia cerebral e não sabem como orientar os pais para que tenham um cuidado adequado com as crianças e impeçam o surgimento de deformidades”, afirma.

Devido à boa aceitação do manual, segundo Eveline, a expectativa é entrar em contato com o Ministério da Saúde para verificar a possibilidade de distribuir o material em todo o país. Enquanto essa ideia não se concretiza, as autoras buscam as unidades de saúde de Viçosa e região com o objetivo de promover uma capacitação para os agentes dessas unidades mapearem e entregarem o manual para as famílias de crianças com paralisia cerebral. “Queremos que o manual chegue a todos que precisam”, destaca Eveline.

 

Proafa

O Programa de Atividade Física Adaptada da UFV abarca inúmeros projetos que têm como característica principal a interdisciplinaridade, já que envolvem estudantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Educação Física, Dança, Pedagogia e Bioquímica. Ele é voltado para pessoas que têm algum tipo de deficiência ou transtorno, e todas as ações são integradas, buscando dar aos atendidos a possibilidade de participar de iniciativas que abarquem atividades esportivas e de estimulação.

O Proafa foi criado em 2010 para reunir e organizar projetos que tiveram início em 1996, a partir do Interagir, uma atividade de pesquisa que observou a influência da natação na reabilitação de pessoas com paralisia cerebral.

Atualmente, o programa atende cerca de 400 pessoas, dentre deficientes e seus familiares, não só de Viçosa, mas de cidades da região, como Teixeiras, São Miguel do Anta e Canaã. Dentro do Proafa são oferecidas diversas atividades e serviços. Uma delas é o Laboratório de Estimulação Psicomotora (LEP), que atende gratuitamente pessoas de 3 a 55 anos com diferentes tipos de deficiência, e foi onde Jaqueline começou a sua pesquisa.

Para a coordenadora do Programa, Eveline Torres, seu diferencial é abarcar a tríade ensino, pesquisa e extensão da UFV. Além da atividade extensionista, todo o conhecimento obtido com o Proafa já possibilitou a criação de disciplinas e alterações de ementas na graduação e o desenvolvimento de vários trabalhos. O manual com orientações sobre paralisia cerebral é apenas um dos materiais resultantes de pesquisa, mas há outros, como a dissertação que gerou um livro sobre integração sensorial de autistas. “A nossa maior preocupação é que o conhecimento produzido chegue onde é necessário e provoque mudanças efetivas no contexto em que a pesquisa surgiu. Queremos sempre levar os resultados para a população que atendemos”, declara Eveline.

Os interessados nos atendimentos e em obter mais informações sobre o manual de paralisia cerebral devem entrar em contato com o LEP, pelo telefone (31) 3899-2077.

( Sabrina Areias)

cartilha capa

A cartilha, que apresenta dicas sobre os cuidados adequados para crianças acometidas pela lesão, é fruto da pesquisa de mestrado de Jaqueline Miranda Barbosa, do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFV.

 

 

Pesquisa conta com ex-alunos da UFV para mapear hábitos alimentares de brasileiros

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 30/mar/2016 -

29/03/2016

A UFV vai coordenar uma grande pesquisa que pretende avaliar o impacto do padrão alimentar brasileiro, de grupos de alimentos e fatores dietéticos específicos no desenvolvimento de doenças não transmissíveis em profissionais que se formaram na UFV e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa vai abranger mais de 60 mil pessoas e formar um grande banco de dados sobre hábitos alimentares que pode subsidiar políticas públicas e muitos estudos para melhorar a qualidade de vida do cidadão. Para tudo isso dar certo, a equipe de pesquisadores vai precisar da colaboração dos ex-alunos destas universidades.

A pesquisa chamada de Coorte de Universidades Mineiras (Cume) é um projeto arrojado, mas pode dar grandes contribuições para conhecer melhor os hábitos de vida de pessoas que têm nível de escolaridade superior, acesso a informações e renda suficiente para uma boa qualidade de vida. Resta saber se tudo isso influencia na adoção de hábitos saudáveis ao longo do tempo. Isso porque as entrevistas serão aplicadas em ex-alunos que se formaram na graduação ou pós-graduação destas universidades entre 1994 e 2014, ou seja, que estão na faixa entre 20 e 40 e poucos anos.

O estudo será feito com o apoio das associações de ex-alunos de cada universidade que têm informações sobre os participantes. Cada um será convidado, por e-mail, a responder um questionário sobre hábitos alimentares cotidianos e atual estado de saúde. Quem se dispuser a responder poderá ser alertado caso os pesquisadores encontrem algo alarmante nos resultados dos exames informados.

A Cume está sendo coordenada pela professora Josefina Bressan (foto), do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, e conta com apoio dos professores Ellen Miranda Hermesdorff (UFV), Adriano Marçal Pimenta (UFMG) e Fernando Pereira Oliveira, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). 

A professora Josefina explica que a estrutura de informática para receber tantas informações já está pronta. “Agora precisamos da colaboração das pessoas em responder corretamente o questionário, mas temos certeza de que teremos um bom retorno porque ex-alunos costumam ter uma boa relação com o que fazemos na Universidade”.

A pesquisa vai gerar um enorme banco de dados para futuras teses e dissertações e pode subsidiar tomadas de decisão importantes para a população. “Vamos investigar, por exemplo, se a qualidade e quantidade de restaurantes perto das pessoas e se a qualidade das calçadas influencia na obesidade. São muitos dados que serão muito úteis para conhecer melhor a qualidade de vida de nossos ex-alunos”, disse a professora Josefina.

O ex-aluno que tiver interesse em participar do estudo pode se cadastrar no site www.projetocume.com.br para receber o link do questionário por e-mail.  Mais informações também estão disponíveis na página do projeto no facebook.

(Léa Medeiros)

A professora Josefina Bressan  é a coordenadora do projeto

A professora Josefina Bressan é a coordenadora do projeto

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