Arquivo da Categoria "Notícias"

Grupo de pesquisadores descreve nova ordem e família de fungos

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/maio/2015 -

Um grupo do Departamento de Fitopatologia da UFV – formado pelos professores Robert Weingart Barreto eOlinto Liparini Pereira e pelosestudantes de doutorado Eduardo Guatimosim e André Firmino –descreveu uma nova ordem (Asterotexiales) e uma nova família (Asterotexiaceae) de fungos e esclareceu a posição taxonômica, que ainda era incerta, de duas famílias (Asterinaceae e Parmulariaceae).

A descrição, resultado de estudos morfológicos e moleculares realizados em conjunto com pesquisadores do CBS-KNAW Fungal Biodiversity Center (Holanda), foi publicada na revista de micologia Persoonia – Molecular Phylogeny and Evolution of Fungi (fator de impacto 4,22). O material utilizado para o trabalho foi coletado entre 2010 e 2013 em vários locais do Brasil, especificamente o de Asterotexis foi encontrado na Reserva Ecológica Michelin, em Igrapiúna (BA). Já a análise dos materiais e de amostras mais antigos foi realizada de 2013 a 2014.

De acordo com o professor Robert Barreto, a descoberta tem grande relevância científica. Para dimensioná-la, explica que ela equivaleria, em zoologia, à descoberta de um novo agrupamento de animais, como a ordem Rodentia, que contém todos os roedores, ou a Primates, que inclui todos os macacos e o homem. 

Na avaliação do professor, o trabalho deverá estimular outros pesquisadores do mundo a coletar materiais desses grupos de fungo, extrair o DNA e “testar” as propostas apresentadas no trabalho, revisitando fungos que foram “deixados de lado” desde a sua descoberta, por vezes há mais de um século, utilizando, agora, ferramentas modernas de biologia molecular.

Fungos
O professor Robert lembra que os fungos são um grupo de organismos de enorme importância para processos naturais, como decomposição de matéria orgânica e funcionamento de ciclos biogeoquímicos, formação dos solos, biorregulação, nutrição de plantas, etc. Além disso, têm múltiplas aplicações práticas. Algumas delas são: consumo direto de cogumelos, controle biológico de pragas doenças e plantas daninhas, produção de enzimas, de antibióticos, imunossupressivos e outros medicamentos, produção de ácido cítrico – usado nos refrigerantes – e de álcool e bebidas e panificação.

Tal importância, contudo, na opinião do professor, é pouco conhecida do público e bastante negligenciada como grupo. “Apesar da enorme diversidade e dos múltiplos aspectos (benéficos e nocivos) que os fungos apresentam, o número de cientistas envolvidos no seu estudo é ainda mínimo, se comparado aos estudiosos de plantas e animais, por exemplo, e em declínio nos centros tradicionais de pesquisa na Europa e América do Norte”, conta.

Para ele, os aspectos negativos de determinados grupos (patógenos de homens e outros animais, de plantas cultivadas, decompositores de alimentos e de outros produtos), embora muito importantes, dão aos fungos uma má reputação. Esse fato pode se traduzir em micofobia, ou seja, medo dos fungos, o que, de acordo com o professor Robert, não tem o menor sentido, em função dos aspectos positivos que caracterizam inúmeros grupos. 

 

(Adriana Passos)phpVxGiyI_23182

Macaúba pode ser alternativa para bioquerosene e solução para pastagens degradadas no Brasil

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 28/abr/2015 -

 

Uma planta muito comum em grande parte do Brasil pode se transformar na mais nova fonte de energia limpa para a aviação mundial. Grandes empresas aéreas internacionais estão em busca de alternativas para o querosene que move as turbinas e a macaúba pode ser a solução. Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Viçosa (UFV) fecham a cadeia produtiva da macaúba que, agora, está pronta para se transformar no novo ouro verde do Brasil. E Minas Gerais pode estar à frente do negócio, aproveitando áreas de pastagens degradadas para cultivo agrosilvopastoril.

A UFV está participando da plataforma de bioquerosene de Minas Gerais e de reuniões com empresas aéreas comprometidas em reduzir, pela metade, a emissão de gases do efeito estufa até 2020. As tecnologias que visam utilizar materiais mais leves para a construção de aeronaves e reduzir o gasto de abastecimento têm um limite; por isso, as empresas querem combustíveis renováveis e que não façam competição com alimentos como a soja e a cana, por exemplo. “Entre todas as outras opções, a macaúba promete ser a vedete do bioquerosene, não apenas pela qualidade do óleo, mas, também, por ser uma planta totalmente aproveitável do ponto de vista comercial”, afirma o professor Sérgio Motoike, coordenador da equipe de pesquisadores da macaúba no Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da UFV.

A macaúba é uma palmeira oleaginosa presente em quase todo o território brasileiro, mas é em Minas Gerais que estão concentradas as populações mais produtivas. A planta é rústica, facilmente adaptável e já muito conhecida por agricultores. É comum ver os frutos serem comidos pelo gado ou por pessoas interessadas na amêndoa da planta, que tem cheiro doce e gosto de coco. Há algumas décadas, era comum países como Paraguai e Brasil colherem a macaúba para retirar o óleo e fazer sabão.O problema, como explica o professor Motoike, era o difícil cultivo comercial da planta, porque a taxa de germinação das sementes era muito baixa e havia pouco conhecimento agronômico para melhorar a produtividade e as técnicas de colheita e processamento da planta. Estes problemas não existem mais. A equipe do Departamento de Fitotecnia da UFV estuda todo o processo produtivo da macaúba há mais de dez anos e já tem dominado todo o conhecimento necessário para que a macaúba se torne uma alternativa comercialmente viável para o Brasil.

Da semente à colheita

A UFV sedia, hoje, um grande banco de germoplasma da macaúba, provavelmente o maior do mundo, onde estão sementes e mudas de diversas variedades da planta do Brasil e de países latino-americanos. Segundo o professor Motoike, as sementes rústicas são usadas para fazer o melhoramento genético da planta, criando variedades mais produtivas e resistentes às pragas e adaptáveis aos diferentes climas e ambientes.

Transformar uma planta selvagem como a macaúba em planta agrícola domesticada requer um trabalho coordenado das diversas áreas da agronomia. O problema da germinação das sementes foi resolvido há muito tempo. Tanto que a UFV detém a patente do processo comercial de germinação, desenvolvido pela equipe do professor Motoike, em 2007, e já usado por empresas produtoras de mudas.

Depois de garantir mudas de qualidade, era preciso cuidar dos tratos agronômicos da planta. Essa tem sido a tarefa do professor Leonardo Pimentel que já desenvolveu pesquisas capazes de definir a melhor forma de plantio, espaçamento entre plantas e fileiras, exigências nutricionais para adubação e identificação das principais doenças que podem afetar um plantio comercial. Um pé de macaúba demora quatro anos para produzir frutos. A planta é perene e, bem adubada, produz por muitos anos. O plantio comercial pode comportar mais de 400 plantas por hectare. Com as novas tecnologias disponíveis, a expectativa é de uma colheita de 25 mil quilos de macaúba por hectare, o que gera cinco mil quilos de óleo por ano.

As pesquisas têm sido feitas com o apoio financeiro da Petrobras, que tem interesse na planta para produção de biodiesel. Outras empresas européias também estão de olho na macaúba. Para conhecer os avanços que as pesquisas da equipe de Viçosa já alcançaram, o Laboratório de Pós-colheita da Macaúba na UFV recebe estudantes de vários países. Mas o professor Sérgio Motoike quer mesmo que a planta faça sucesso no Brasil, transformando-se em uma fonte de renda, sobretudo para pequenos agricultores.  “A macaúba é 100% aproveitável e tem potencial para ser uma cultura ambientalmente sustentável. Temos certeza de que é um investimento muito interessante”, afirma o professor.

Mil e uma utilidades

O que a indústria quer da macaúba é o óleo para fabricação de biodiesel e bioquerosene, mas os produtores têm outros atrativos para otimizar a cultura. Internamente, a macaúba produz dois óleos de qualidades diferentes. O da amêndoa, bem no centro do fruto e em menor quantidade, é parecido com o óleo de coco ou de dendê. É perfumado, palatável e pode ser usado tanto na alimentação quanto na indústria cosmética. Até o endocarpo, que é a parte que envolve a amêndoa para proteger a semente e separa as duas fontes de óleos, pode ser aproveitada. Ela é escura e semelhante à madeira, por ser muito dura e difícil de ser quebrada. Por isso, vem sendo utilizada com sucesso como carvão vegetal ativado, com alto poder calorífico e fumaça livre de emissões tóxicas. Ele também é aproveitável para produção de filtros e retenção de impurezas.

Já o óleo para biocombustível é extraído da parte mole, o mesocarpo, que precisa ser processado de maneira correta para melhor aproveitamento do óleo. O que sobra da extração pode ser moído e virar farinha, tanto para alimentação humana como para ração animal, porque é palatável e não possui toxidez. A equipe da UFV já computou a produtividade de cada um dos subprodutos da macaúba para estimular o plantio e os resultados são muito interessantes do ponto de vista comercial.

Mas por que os produtores rurais ainda não tinham se rendido aos encantos financeiros da macaúba? Por três motivos, segundo o professor Sérgio Motoike. O primeiro deles era a falta de interesse de uma indústria de grande porte e uma aplicação concreta a longo prazo, como é o caso do bioquerosene sustentável para aviação. Segundo, porque faltavam pesquisas sólidas de toda a cadeia produtiva capazes de dar respostas aos agricultores. E, por último, porque a macaúba apresentava um problema que também já foi resolvido pela equipe da UFV. É que, no extrativismo, como ainda acontece hoje em dia, os cocos da macaúba caem no chão e são comidos pelo gado. Os produtores esperam que caiam em grandes quantidades para vendê-los à indústria de sabão. Caídos em dias diferentes e em contato com a umidade do solo, os cocos apodrecem e o óleo rancifica e escurece, perdendo todo o interesse comercial. Rancificado, a indústria de biocombustível também iria rejeitar o óleo.

“As vantagens da macaúba só fazem sentido se houver logística de colheita e o processo de extração do óleo for comercial”, afirma o professor José Antônio Grossi, responsável pelas pesquisas em pós-colheita e de qualidade dos óleos da macaúba. Ele explica que a planta demora de 12 a 14 meses para formar completamente os frutos. Experiências com melhoramento genético já ampliaram o tempo em que o fruto fica aderido à planta, evitando a caída precoce e o apodrecimento. Outros estudos permitiram melhorar a tecnologia para armazenamento dos frutos e retardar a rancificação dos óleos. “A macaúba produz um hormônio que faz com que a maturação continue depois da colheita e já temos conhecimento para interferir neste processo”, diz o professor Grossi. “A boa notícia é que a técnica desenvolvida pela equipe da UFV, além de retardar o apodrecimento, também aumentou em 20% o teor de óleo na macaúba. Temos que dar mais tempo pra a indústria processar este óleo. A safra normalmente vai de novembro a fevereiro, mas, com a ajuda do banco de germoplasma e do melhoramento genético, vamos ter frutos maduros em outras épocas do ano também”, afirma o professor.

Uma alternativa para áreas degradadas de pastagens

A sustentabilidade ambiental dos plantios comerciais é outro fator que anima pesquisadores e empresários. Isso porque a macaúba se adapta muito bem a plantios consorciados, sobretudo em áreas de pastagem. “Hoje, o Brasil tem 160 milhões de hectares de terra usada para pastagem. Só em Minas Gerais, 40% desta área está degradada pelo mau uso do solo. A emissão de gases do efeito estufa causada pela eructação bovina é outro problema ambiental grave. Precisamos transformar isso em oportunidade”, diz o professor  Motoike.

A proposta da equipe do Departamento de Fitotecnia da UFV é estimular a produção agrosilvopastoril, ou seja, o consórcio de plantas e animais numa mesma área. Primeiro, é preciso recuperar os solos degradados pelas pastagens com adubação correta e realizar o plantio das palmeiras. Em três anos, as plantas crescem o suficiente para não serem comidas pelo gado. “A arquitetura da palmeira permite esse arranjo”, explica o professor Motoike. As folhas não sombreiam o sub-bosque e deixam passar uma quantidade ideal para crescimento de pastagens como a braquiária. Além disso, as plantas fazem sombra, melhorando a ambiência para o gado. “É uma agricultura de dois andares”, brinca o professor Sérgio. Neste caso, a implantação do consórcio deve ser gradual, começando com um terço da áreapara dar tempo de as plantas crescerem e os solos se recuperarem. Outras plantas, como o dendê, com dossel mais denso, não permitem o consórcio.

“É um sistema fechado”, diz o professor. “Nossa proposta não é usar áreas destinadas a alimentos e sim aproveitar e recuperar áreas degradadas. Se a soja, por exemplo, ocupa áreas de pastagem, empurra a bovinocultura para a Floresta Amazônica. No sistema da macaúba, a convivência é saudável numa mesma área antes degradada. Temos que criar um ambiente mais saudável para a pecuária em consórcio”. As pesquisas também estão estudando o consórcio da macaúba com plantios de feijão.

A equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa já possui dezenas de trabalhos publicados sobre cultivo e pós-colheita da macaúba que estão à disposição de produtores e empresários interessados em conhecer melhor os benefícios da planta. Os professores também estão participando de reuniões com o setor produtivo para apresentar os resultados das pesquisas.

(Léa Medeiros)

 

SONY DSC

Espécie nova de cianobactéria é nomeada em homenagem à ex-professora da UFV

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/abr/2015 -

A ex-professora do Departamento de Biologia Vegetal da UFV, Rosane Aguiar, falecida em 2011, foi homenageada com a descrição da espécie-tipo de um novo gênero de cianobactéria. A nova espécie recebeu o nome de Pantanalinema rosaneae. O nome genérico é uma referência ao local de origem desta cianobactéria (Pantanal, Mato Grosso do Sul) e o epíteto específico uma homenagem à professora Rosane.

A descrição do novo gênero foi publicada na edição de janeiro da revista científica International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology – IJSEM – DOI 10.1099/ijs.0.070110-0 (Volume 65, parte 1). A pesquisa que resultou na descrição deste novo táxon foi conduzida pelos pesquisadores Marcelo Vaz, Diego Genuário, Ana Paula Andreote, Camila Malone, Célia Sant’Anna, Laurent Barbiero e Marli Fiore, vinculados ao laboratório de Ecologia Molecular de Cianobactérias, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo (Cena/USP) e ao Instituto de Botânica de São Paulo.

O primeiro autor do trabalho, Marcelo Vaz, é egresso da UFV, onde cursou graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Microbiologia Agrícola e foi coorientado pela professora Rosane. A coordenadora do trabalho, a docente Marli Fiore, também apresenta uma longa história de parceria com a professora Rosane. As duas realizaram o mestrado conjuntamente e firmaram uma intensa parceria no estudo de cianobactérias, com destaque para a descrição do gênero Brasilonema e, em especial, da espécie Brasilonema octagenarum, quando da comemoração de 80 anos da UFV, em 2006 (DOI: 10.1111/j.1529-8817.2008.00584.x).

Segundo os pesquisadores, a homenagem reforça a grande contribuição da professora Rosane Aguiar aos estudos de taxonomia e fisiologia de cianobactérias, bem como do fitoplâncton em geral. Tais contribuições incluíram estudos relacionados à qualidade da água, comunidades fitoplanctônicas, produção de cianotoxinas e também ao uso de cianobactérias e microalgas como bioindicadores e na produção de biodiesel.

Para os pesquisadores, além dos aspectos científicos, a professora Rosane deve ser lembrada pelo entusiasmo com que conduzia os seus estudos e pela forma como cativava a todos que tiveram oportunidade de trabalhar com ela. Essas características, na visão dos autores do trabalho, contribuíram de maneira significativa para a consolidação da UFV como referência nos estudos de cianobactérias.

Cianobactérias
São organismos procariontes e podem ser filamentosas ou cocóides, ocorrendo isoladamente ou em colônias. Elas são cosmopolitas e apresentam grande tolerância às condições ambientais e climáticas, podendo ser encontradas na maioria dos ecossistemas terrestres e aquáticos, principalmente na água doce, além de ambientes extremos, como fontes termais, neve e deserto. São indivíduos muito antigos e os seus fósseis são datados de períodos muito distantes no Pré-cambriano.  

(Fonte: Adriana Sales de Magalhães)

Professor da UFV recebe Prêmio Bom Exemplo em Inovação

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 22/abr/2015 -

O professor Rubens Alves de Oliveira, diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFV, foi o vencedor da categoriaInovação do Prêmio Bom Exemplo 2015, uma iniciativa da TV Globo Minas e da Fundação Dom Cabral, em parceria com o Jornal O Tempo e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O objetivo do prêmio, que contempla nove categorias (Cidadania, Ciência, Cultura, Educação, Economia e Desenvolvimento de Minas, Esporte, Inovação, Meio Ambiente e Personalidade do Ano) é reconhecer ações de cidadania e desenvolvimento social que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Exceto a categoria Cidadania, que recebe indicação e voto popular, as demais são indicadas por instituições representativas da sociedade e seus finalistas escolhidos por uma banca de jurados.

A participação do professor – que representou a UFV, a convite da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) se deu com o irrigâmetro, um equipamento de irrigação que ele idealizou e que foi desenvolvido com uma equipe de pesquisadores da Universidade. Resultado de uma pesquisa de mais de cinco anos, o equipamento tem melhorado lavouras em todo o país e ajudado na economia de água.

 

phpdDfMth_23127

(Coordenadoria de Comunicação Social)

Pesquisa da UFV premiada pelo Ministério da Saúde propõe fórmula simples para reduzir morte em pacientes renais

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 19/abr/2015 -

Um cálculo simples, que segue um protocolo já estabelecido pelo Ministério da Saúde e que depende basicamente de uma fórmula que considera idade, sexo e taxa de creatinina no sangue do paciente poderia evitar milhões de reais em custos com pacientes renais crônicos no Brasil. Mas isso não acontece, sobretudo nos PSFs, considerados a porta de entrada para a saúde pública no Brasil. As consequências não são apenas para os custos elevados da saúde pública no país. O cálculo da taxa de filtração glomerular estimada no sangue poderia reduzir os índices de mortes e melhoraria a qualidade de vida dos pacientes, se realizado de forma precoce.

A conclusão é de uma dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição da Universidade Federal de Viçosa e premiada pelo Ministério da Saúde. A pesquisadora Luciana Saraiva da Silva constatou em seu estudo que aproximadamente 38% dos pacientes hipertensos acompanhados pelas Estratégias de Saúde da Família (ESF), política prioritária da Atenção Primária à Saúde sofrem de doença renal crônica oculta, ou seja, sequer sabem que têm a doença. Pelo menos 15% já estavam em estágio avançado da doença e continuavam sem saber disso. “A maioria só descobre quando já precisa da terapia de substituição renal, como a hemodiálise, e isso poderia ser retardado com o diagnóstico precoce”, comenta a pesquisadora.  Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, 10 milhões de pessoas possuem algum grau de alteração renal. Mais de 50 milhões correm o risco de desenvolver a doença por serem idosos, hipertensos ou diabéticos, que fazem parte do grupo de alto risco. A pesquisa foi realizada no município de Porto Firme-MG, mas acredita-se que os resultados sejam os mesmos em outras cidades.

Os profissionais de saúde já sabem que pacientes com hipertensão arterial têm mais tendência a desenvolverem doença renal crônica. Se forem idosos, a incidência pode aumentar ainda mais. O problema é que a doença é silenciosa e só se manifesta com sintomas quando está em estágio avançado. A pesquisadora explica que o exame para diagnosticar a doença é muito simples. Basta aplicar uma fórmula com dados do paciente para detectar o problema. “Em geral o exame solicitado é a creatinina. De forma isolada, ela é insuficiente para o diagnóstico precoce, mas é fundamental para fórmula que considera outros dados, como a idade”, diz Luciana.  Ela explica ainda que a aplicação da fórmula poderia ser feita pelos laboratórios que têm os dados do paciente, o que facilitaria ainda mais o trabalho dos médicos, permitiria o diagnóstico precoce e o encaminhamento do paciente para tratamento nefrológico.

“Quanto antes o paciente for encaminhado para terapias que retardem a progressão da doença, maior a qualidade de vida e menores os gastos com saúde pública no Brasil. Nosso trabalho mostra que a hipertensão é um sinal de alerta que deveria ser olhado com mais atenção nas ESFs que são a porta de entrada para os serviços de saúde”, diz a orientadora da dissertação, professora Rosângela Minardi Mitre Cotta.

O trabalho das pesquisadoras recebeu Menção Honrosa do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS no final de 2014.  A premiação tem como objetivo reconhecer pesquisadores que desenvolvem projetos voltados para a área de Ciência e Tecnologia em Saúde com potencial incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de estimular a produção científica direcionada às necessidades de saúde da população.

(Léa Medeiros)

Reitora representa UFV na posse do novo presidente da Finep

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/mar/2015 -

 

A reitora da UFV, Nilda de Fátima Ferreira Soares, participou, dia 23 de março, da posse do novo presidente da Finep – Inovação e Pesquisa, o cientista político Luis Manuel Rebelo Fernandes. A cerimônia aconteceu na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Fernandes, que já havia ocupado a presidência da financiadora entre 2007 e 2011, sucede o professor Glauco Arbix, da Universidade de São Paulo, no cargo.

A Finep é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Sua missão é “promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento público à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas”. Na UFV, cerca de dez obras estão sendo executadas nos três campi  com recursos obtidos com a Finep.

Sobre Luis Fernandes

De acordo com o site da Finep, onde estão informações sobre a cerimônia, Luis Fernandes é graduado em Relações Internacionais pela Georgetown University, mestre e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Também é professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Como gestor público, além de ter sido presidente da Finep, exerceu as funções de secretário executivo do Ministério do Esporte (2012 a 2015) e coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo 2014 (Gecopa), secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (2004 a 2007) e diretor Científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj (1999 a 2002).

(Coordenadoria de Comunicação Social)

as fotos, da esq. para dir., um registro da reitora com o novo presidente da Finep e com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo.

Da esquerda para a direira., um registro da reitora com o novo presidente da Finep e com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo.

Professor Luiz Alexandre Peternelli assume Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 19/mar/2015 -

A comunidade universitária se reuniu,dia 19 de março  para a posse do novo pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, o professor do Departamento de Estatística Luiz Alexandre Peternelli. O evento aconteceu no Salão Nobre do Edifício Arthur Bernardes, onde também assinaram os termos de posse os novos assessores da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PPG), os professores Ney Sussumu Sakiyama, Luciano Gomes Fietto e Rubens Leonardo Panegassi (da esq. para a dir. nas fotos abaixo, respectivamente).

O novo pró-reitor assumiu a função no lugar do professor Eduardo Seiti Gomide Mizubuti, que aproveitou o momento para agradecer às pessoas que estiveram vinculadas à PPG durante a sua administração. Em especial, ele agradeceu à equipe de funcionários, comparando-a com o funcionamento de uma orquestra. “A força de um tambor com a delicadeza de um violino… A explosão de um prato com a sobriedade de um violoncelo”; instrumentos que, segundo ele, quando harmonizados, produzem obras muito bonitas. “E essa orquestra é fantástica! São profissionais competentes, talentosos e com um instinto institucional elevado”, disse.

Entre as contribuições que a sua administração trouxe para a UFV, o professor Eduardo considerou, principalmente, aquelas relacionadas à internacionalização. A Universidade, como ele contou, “saiu de um processo praticamente incipiente para mais de uma dezena de acordos de cotutela com dupla diplomação assinados com instituições e universidades de oito países diferentes”, sendo eles: Austrália, Bélgica, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália e Suécia.

O professor Luiz Alexandre, com grande experiência de viagens e conhecimento sobre universidades do mundo, afirmou que a UFV é uma instituição de excelência e que precisa continuar gerindo bem seus recursos e os treinamentos dos seus professores. E ressaltou: “estamos no caminho certo”.

Quanto aos seus planos, o novo pró-reitor destacou a importância de manter um bom relacionamento com a Fundação Arthur Bernardes, que administra grande parte dos recursos obtidos pela UFV; buscar mais parceiros para a pesquisa, tanto públicos como privados; fomentar a interação entre os três campi da Universidade; incentivar e acolher a pesquisa, mesmo que ela não esteja atrelada a programas de pós-graduação; fortalecer e apoiar os programas de pós-graduação, de acordo com suas necessidades; aumentar a visibilidade da UFV no país e no exterior e facilitar o treinamento de professores com a qualidade apropriada.

Ao finalizar sua participação na cerimônia de posse, o professor Luiz Alexandre se referiu à fala do professor Eduardo, dizendo que seu pai era “mestre de banda” e que isso irá ajudá-lo de alguma maneira.

Boas-vindas da reitora
A reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares, ao agradecer o professor Eduardo e às pessoas que estiveram vinculadas à sua administração, lembrou algumas conquistas da instituição nos últimos anos. Dentre elas, a criação do programa Fortis e o fortalecimento dos programas de pós-graduação com conceitos 3 e 4 nas avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A reitora também agradeceu ao professor Luiz Alexandre e aos novos assessores da PPG, afirmando que eles saberão reconhecer e lidar com os desafios, como os dos departamentos que ainda não têm programa de pós-graduação e as avaliações dos programas já existentes. “A Pró-reitoria tem um trabalho imenso, mas vocês, com dedicação e conhecimento, a alavancarão ainda mais”.

A professora Nilda também lembrou que 2015 será um ano difícil financeiramente. A Universidade, de acordo com ela, iniciou seu semestre letivo normalmente e está trabalhando para não ter prejuízos nas atividades acadêmicas. Para isso, conta com a compreensão e a contribuição de todos.

Sobre o pró-reitor
Desde 1991, Peternelli é professor da UFV, onde também se graduou em Engenharia Agronômica (1988) e obteve o título de mestre em Genética e Melhoramento (1992). Durante o doutorado (1999) em Statistics and Plant Breeding, realizado na Iowa State University (Estados Unidos), recebeu prêmio pelo alto coeficiente de rendimento acadêmico. Realizou pós-doutoramento na Michigan State University e na University of Wisconsin, ambas nos Estados Unidos.

Na pesquisa, Peternelli desenvolve e orienta projetos de graduação e pós-graduação em Estatística Aplicada e Biometria e em Genética e Melhoramento, principalmente da cana-de-açúcar.

(Coordenadoria de Comunicação Social)

Professor Luiz Alexandre Peternelli assume Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação

Professor Luiz Alexandre Peternelli assume Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação

Artigo de pesquisadores da UFV é publicado na Revista Nature

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 06/mar/2015 -

No Brasil, ainda são poucos os pesquisadores que têm no currículo um trabalho científico publicado na Nature, uma das mais antigas e prestigiadas revistas científicas do planeta, criada em 1869. De maneira geral, os nomes dos brasileiros que já participaram da revista estão ligados a redes de pesquisas internacionais. A UFV agora já pode se orgulhar de ter uma equipe de pesquisadores entre as poucas que conseguem publicar no periódico, que tem o maior fator de impacto no mundo científico. O trabalho, coordenado pela professora Elizabeth Pacheco Batista Fontes, está na edição on line, de 23 de fevereiro, e ainda não tem data para edição impressa. 

As pesquisas que geraram o artigo revelam um mecanismo que as plantas usam para resistir à infecção por begomovírus, um dos maiores e mais agressivos grupos de vírus de plantas economicamente relevantes como as hortaliças, por exemplo. Segundo a professora Elizabeth, o impacto científico é grande porque a equipe conseguiu identificar genes novos e ainda decifrar mecanismos moleculares de defesa que eram inéditos no conhecimento da interação das plantas com esta classe de vírus.

A descoberta pode ser aplicada a outras plantas e também abre caminho para que a engenharia genética produza variedades mais resistentes. A professora Elizabeth explica que era um desafio para a ciência entender como funcionam os mecanismos moleculares que asseguram imunidade às plantas e acionam sistemas imunes de defesa para prevenirem infecção. Os estudos foram liderados por ela, que é professora do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, e pela professora Anésia Aparecida dos Santos, do Departamento de Biologia Geral.

As descobertas foram feitas nos laboratórios do Instituto de Pesquisa Aplicada à Agropecuária (Bioagro) da UFV, onde funciona a sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Interações Plantas-Praga (INCT Praga/Planta), também coordenado pela professora Elizabeth. Ela explica que as pesquisas revelam que “a fosforilação de um receptor imune localizado na membrana plasmática, designado NIK1 (NSP-interactingprotein), promove a translocação da proteína ribossomal L10 para o núcleo, onde ela interage com um fator transcricional, designado LIMYB (L10-interacting Mybdomain-containingprotein).

No núcleo, L10 e LIMYB inibem a expressão de genes que codificam proteínas da maquinaria de tradução de células vegetais, resultando na supressão global de síntese de proteínas. Assim, com a ativação do receptor imune NIK1, os begomovirus não conseguem superar os mecanismos regulatórios de tradução das células hospedeiras e não sintetizam com eficiência suas proteínas necessárias para infecção. Entretanto, em interações compatíveis entre begomovírus e seus hospedeiros (tomateiro, feijoeiro, etc), uma proteína viral, designada NSP, suprime a atividade do receptor NIK1 superando o mecanismo de defesa da planta e causando doenças severas”.

O estudante de doutorado do Programa de Pós-graduação em Bioquímica Agrícola João Paulo Batista Machado, que divide a primeira autoria do trabalho com a estudante do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento Cristiane Zorzatto, afirma também que, além de contribuições científicas relevantes, os resultados dessa pesquisa indicam estratégias moleculares para aumento de resistência de tomateiros a begomovírus por meio de mutações em NIK1 inseridas no genoma de tomateiros. Esta estratégia de tolerância foi testada com êxito em tomateiros e os resultados recentemente publicados em PlantBiotechnologyJournal (doi: 10.1111/pbi.12349), outro periódico científico de grande relevância internacional.  A pesquisa foi financiada pelo INCT Planta-Praga.

Também contribuíram para o trabalho os seguintes pesquisadores associados ao INCT em Interações Planta-Praga: o professor do Departamento de Zootecnia da UFV Fabyano Silva; o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Gilberto Sachetto-Martins; a professora Joanne Chory, do Salk Institute for BiologicalStudies; os pós-doutores da UFV Otávio Brustolini, MichitoDeguchi, Welison Pereira, Kelly Nascimento, Pedro Reis, e os estudantes de pós-graduação e iniciação científica da UFV, Kênia Lopes, Iara Calil, Virgílio Loriato, Bianca Gouveia e Marcos Silva.

Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFV, Eduardo Mizubuti, a publicação é motivo de orgulho não apenas para a Universidade, mas para a ciência brasileira.

(Léa Medeiros – Foto: Daniel Sotto Maior) 

A professora Elizabeth Pacheco Batista Fontes lidera o grupo de autores do artigo.

A professora Elizabeth Pacheco Batista Fontes lidera o grupo de autores do artigo.

Pesquisadores da UFV cultivam no esgoto matéria-prima para produzir bioenergia

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/mar/2015 -

por Elaine Nascimento

Microalgas para tratar o esgoto doméstico e, simultaneamente, fornecer matéria-prima para produção de biocombustíveis. Essa é uma das linhas de investigação do Núcleo de Pesquisas Ambientais Avançadas (nPA) da UFV. O grupo coordenado pela professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Maria Lúcia Calijuri, desenvolve pesquisas sobre aproveitamento e cultivo de microalgas em lagoas de alta taxa.

_DSC7773Equipe coordenada pela professora Maria Lúcia Calijuri (ao centro).

Devido ao seu potencial de aproveitamento como matéria-prima para diferentes formas de biocombustíveis, como biogás, biodiesel e bioetanol, microalgas vêm sendo alvo de diversas pesquisas em nível mundial. Elas apresentam vantagens em relação a outras fontes renováveis. Diferente de culturas terrestres como, por exemplo, soja e cana-de-açúcar, microalgas crescem rápido, com ciclo contínuo de colheita, e podem ser cultivadas em pequenos espaços, não concorrendo com a produção de alimentos.

A proposta dos pesquisadores da UFV é aproveitar as microalgas que já crescem naturalmente nos efluentes, intensificando a sua produção e, ao mesmo tempo, aumentando a eficiência do tratamento de esgoto. Para isso, eles utilizam, em escala piloto, “um sistema de tratamento de água residuária e de produção de biomassa algal”, chamado lagoa de alta taxa. De acordo com o estudante do doutorado em Engenharia Civil, Eduardo de Aguiar do Couto, “se comparadas às lagoas convencionais de tratamento de esgoto, as lagoas de alta taxa, com o revolvimento contínuo do efluente, proporcionam melhores condições para o crescimento das microalgas”.

_DSC7779Sistema de lagoa de alta taxa em escala piloto.

Apesar de comprovada a eficiência das microalgas para a produção de biocombustível, o Brasil ainda não produz esse tipo de combustível em larga escala. A também estudante de doutorado e integrante do nPA, Paula Peixoto Assemany, destaca que “tecnicamente é viável a produção de biocombustíveis utilizando microalgas. O que se busca agora é a viabilidade econômica. Assim, a utilização de esgoto doméstico vem para diminuir os custos com insumos, como água potável e fertilizantes”.

Além da possibilidade de fortalecer a matriz energética do Brasil, a aplicação dessa tecnologia poderia contribuir para mitigação de um dos principais problemas de infraestrutura do país, a falta de saneamento básico. Microalgas auxiliam no tratamento de esgoto, pois são capazes de remover matéria orgânica e nutrientes dos efluentes. Paula afirma que “por serem de fácil operação e possuírem baixo custo de implantação e operação, as lagoas de alta taxa podem ser aplicadas em diversas situações, adequando-se à realidade de várias regiões do país”.

Utilizando esgoto sanitário como meio de cultivo, as pesquisas desenvolvidas na UFV consideram o desenvolvimento de um consórcio de microalgas. As lagoas de alta taxa são sujeitas a diversos fatores ambientais, o que dificulta o cultivo de uma espécie isoladamente e em condições controladas de crescimento.

Microalgas crescem naturalmente em águas com grandes quantidades de nutrientes e luz solar. De forma a otimizar as condições de cultivo visando maior produtividade, os pesquisadores da UFV avaliaram a produção de microalgas em lagoas de alta taxa utilizando telas de sombreamento para obter diferentes níveis de radiação solar. Eles também avaliaram a possibilidade de se incluir um processo de pré-desinfecção ultravioleta antes das lagoas, com o intuito de reduzir a competição por espaço e nutrientes, e assim propiciar o maior crescimento das microalgas. Essas pesquisas deram origem à tese “Avaliação do desempenho de lagoas de alta taxa no tratamento de esgoto pré-desinfectado submetidas a diferentes níveis de radiação solar”. Produzido pelo então estudante da UFV, Aníbal da Fonseca Santiago, o trabalho recebeu a menção honrosa do Prêmio Capes de Tese 2014, da área de Engenharias I.

Especialista da UFV garante: plantas daninhas podem ser a salvação da lavoura

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 04/fev/2015 -

por Elaine Nascimento

Diferente do que se pensava antigamente, planta daninha não é um mal a ser combatido, mas um elemento a ser manejado e integrado a outros fatores na agricultura. Com o manejo integrado de plantas daninhas é possível “reduzir o uso de agrotóxicos e minimizar os riscos de impacto ambiental, no que se referem à contaminação do solo, da água e dos alimentos pelos herbicidas”. Quem afirma é o professor do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da UFV, Antônio Alberto da Silva, que lidera o grupo de pesquisa Manejo Integrado de Plantas Daninhas, envolvendo pesquisadores dos departamentos de Fitotecnia, Química e Microbiologia da UFV.

Equipe Laboratório Plantas Daninhas UFVLaboratório de Manejo Integrado de Plantas Daninhas, no Departamento de Fitotecnia da UFV.

De acordo com o professor Antônio Alberto, os estudos “visam conhecer as interações  dos herbicidas com o ambiente quanto à sorção, dessorção, persistência e lixiviação desses agrotóxicos em diferentes solos do Brasil, bem como conhecer os impactos desses compostos sobre a associação de microrganismos e plantas daninhas na degradação de poluentes do solo”.

Conhecendo os atributos do solo e o clima da região, é possível informar ao produtor se o herbicida que ele pretende aplicar é seguro do ponto de vista agronômico e ambiental. Segundo o pesquisador da UFV, “em solos contaminados com herbicidas, é possível recomendar o cultivo de plantas com alta capacidade de se associar a microrganismos que aceleram a degradação desses agrotóxicos no ambiente”.

O pesquisador destaca que no Brasil é comum a utilização de agrotóxicos que apresentam longa persistência no ambiente, em diversas culturas, áreas de reflorestamento e pastagens. Assim, “é de fundamental importância a aplicação adequada desses compostos para garantir a qualidade final dos produtos colhidos e os recursos naturais que sustentam a produção, especialmente, a biodiversidade, o solo e a água”.

Para se ter ideia dos benefícios do manejo integrado de plantas daninhas na agricultura, o professor Antônio Alberto cita o exemplo de uma lavoura de café na região da Zona da Mata mineira. Segundo o especialista, fazendo o manejo das plantas daninhas na lavoura, a cultura passou a receber apenas uma aplicação de herbicida por ano. Antes, eram feitas mais de sete aplicações no mesmo período.

Apesar dos benefícios, ele destaca que o manejo de plantas daninhas enfrenta resistência por parte dos produtores. Ainda persiste aquela visão do passado de que toda planta que não seja a cultura de interesse deve ser eliminada da lavoura. E para isso, os agricultores lançam mão dos herbicidas. Com um apelo imediato, eles querem um produto que seja eficiente, de baixo custo e fácil de aplicar. Esse cenário aliado à pressão das empresas que atuam no setor impulsiona o uso de agrotóxicos.

Mas o professor Antônio Alberto acredita que uma mudança de paradigma vem ocorrendo aos poucos. O manejo integrado vem ganhando espaço devido às suas vantagens. De acordo com o pesquisador, a permanência de plantas daninhas na lavoura de café sob manejo adequado,  forma uma cobertura verde no período chuvoso, que possibilita maior infiltração da água no solo, evitando-se a erosão. No início da época da seca, as plantas daninhas são mortas, formando uma camada de palha na superfície, que irá contribuir para a manutenção da umidade e temperatura do solo. Além disso, os gastos do produtor com compostos químicos e os impactos ambientais são reduzidos, e ocorre a ciclagem dos nutrientes, que voltam para o solo, mantendo a sua fertilidade. Tudo isso vem colaborar para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

Pesquisa Plantas Daninhas UFV