4 de maio de 2015
Um grupo do Departamento de Fitopatologia da UFV – formado pelos professores Robert Weingart Barreto eOlinto Liparini Pereira e pelosestudantes de doutorado Eduardo Guatimosim e André Firmino –descreveu uma nova ordem (Asterotexiales) e uma nova família (Asterotexiaceae) de fungos e esclareceu a posição taxonômica, que ainda era incerta, de duas famílias (Asterinaceae e Parmulariaceae).
A descrição, resultado de estudos morfológicos e moleculares realizados em conjunto com pesquisadores do CBS-KNAW Fungal Biodiversity Center (Holanda), foi publicada na revista de micologia Persoonia – Molecular Phylogeny and Evolution of Fungi (fator de impacto 4,22). O material utilizado para o trabalho foi coletado entre 2010 e 2013 em vários locais do Brasil, especificamente o de Asterotexis foi encontrado na Reserva Ecológica Michelin, em Igrapiúna (BA). Já a análise dos materiais e de amostras mais antigos foi realizada de 2013 a 2014.
De acordo com o professor Robert Barreto, a descoberta tem grande relevância científica. Para dimensioná-la, explica que ela equivaleria, em zoologia, à descoberta de um novo agrupamento de animais, como a ordem Rodentia, que contém todos os roedores, ou a Primates, que inclui todos os macacos e o homem.
Na avaliação do professor, o trabalho deverá estimular outros pesquisadores do mundo a coletar materiais desses grupos de fungo, extrair o DNA e “testar” as propostas apresentadas no trabalho, revisitando fungos que foram “deixados de lado” desde a sua descoberta, por vezes há mais de um século, utilizando, agora, ferramentas modernas de biologia molecular.
Fungos
O professor Robert lembra que os fungos são um grupo de organismos de enorme importância para processos naturais, como decomposição de matéria orgânica e funcionamento de ciclos biogeoquímicos, formação dos solos, biorregulação, nutrição de plantas, etc. Além disso, têm múltiplas aplicações práticas. Algumas delas são: consumo direto de cogumelos, controle biológico de pragas doenças e plantas daninhas, produção de enzimas, de antibióticos, imunossupressivos e outros medicamentos, produção de ácido cítrico – usado nos refrigerantes – e de álcool e bebidas e panificação.
Tal importância, contudo, na opinião do professor, é pouco conhecida do público e bastante negligenciada como grupo. “Apesar da enorme diversidade e dos múltiplos aspectos (benéficos e nocivos) que os fungos apresentam, o número de cientistas envolvidos no seu estudo é ainda mínimo, se comparado aos estudiosos de plantas e animais, por exemplo, e em declínio nos centros tradicionais de pesquisa na Europa e América do Norte”, conta.
Para ele, os aspectos negativos de determinados grupos (patógenos de homens e outros animais, de plantas cultivadas, decompositores de alimentos e de outros produtos), embora muito importantes, dão aos fungos uma má reputação. Esse fato pode se traduzir em micofobia, ou seja, medo dos fungos, o que, de acordo com o professor Robert, não tem o menor sentido, em função dos aspectos positivos que caracterizam inúmeros grupos.