Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 17/ago/2017 -
Apesar de a divulgação científica – ou popularização da ciência – ainda não ser uma prática unânime entre os pesquisadores das universidades, tem sido crescente a percepção de que o conhecimento deve ir além da academia e alcançar a sociedade. As justificativas vão desde a necessidade de se prestar contas do investimento feito nas pesquisas, já que a maioria é realizada com recurso público, até a desmitificação da própria ciência, fazendo as pessoas entenderem que ela está mais presente no dia a dia do que imaginam. No contexto de cortes no orçamento, a divulgação científica também pode significar mais aliados para a principal causa da ciência brasileira atualmente: a sobrevivência.
Todas essas razões, que integram um rol extenso de justificativas para que o público não especializado tenha acesso à informação científica, estão presentes, de certa forma, há quase 20 anos na vida do professor Rubens Pazza, que, desde 2010, atua no curso de Ciências Biológicas da UFV-Rio Paranaíba (CRP). Ali, ele coordena o Semeando Ciência, um programa de extensão universitária que integra as atividades do Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva. Por meio desse programa, são desenvolvidos diferentes projetos de divulgação da ciência, especialmente na área biológica.
Com a ajuda de poucos bolsistas (um ou dois) e de voluntários, o que inclui colaboradores externos, o professor divide com a também professora do CRP Karine Frehner Kavalco a coordenação do programa de rádio Rock com Ciência, do jornal impresso Folha Biológica e de websites de biologia em geral e de evolução, como o DNA Cético. Eles também produzem páginas e perfis nas redes sociais Twitter e Facebook. No Rock com Ciência, semanalmente os estudantes gravam podcastscom temas científicos variados. Um deles, por exemplo, foi sobre realidade virtual. Para chamar os ouvintes, um questionamento: “O que vem em sua mente quando o assunto é realidade virtual? Normalmente, esse conceito é associado às tecnologias de alta complexidade, mas a realidade virtual é um campo bem mais amplo, e suas implicações são muito importantes na sociedade”. Já no jornal, a ênfase é dada às Ciências Biológicas, sobre as quais ele faz circular, trimestralmente, informações para cerca de 200 escolas públicas da região do Alto Paranaíba, onde está localizado o campus da UFV.
Por meio desses canais, o professor procura mostrar a seus alunos a importância da divulgação científica e engajá-los nesta prática. Na medida do possível, ele a associa ao conteúdo das disciplinas que ministra. Pazza acredita que fazer divulgação científica na graduação é uma maneira de os pesquisadores terem familiaridade com o assunto e uma prática diferenciada no futuro. Mas por que isto é importante? O professor responde: “como a gente deseja que as pessoas apoiem o cientista? Como vamos pedir apoio e esperar por ele se consideram o cientista como algo inalcançável? Ou ainda: como queremos que tenham opinião sobre assuntos que dizem respeito à vida delas, ao dia a dia, sem que conheçam a ciência?” Na avaliação de Rubens Pazza, “as pessoas são enganadas o tempo inteiro por falta de conhecimento científico. Elas precisam saber o que o cientista faz”.
A irreversibilidade da fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ao das Comunicações, ao contrário do que aconteceu com o Ministério da Cultura, é, na opinião do professor, um exemplo concreto desse distanciamento entre sociedade e cientista. O fato de os artistas terem conseguido reverter a extinção do Ministério da Cultura, e os cientistas não obterem o mesmo êxito com o da Ciência, deve servir como reflexão, segundo Pazza. “Por que isso aconteceu? Será que não precisamos aparecer mais”, questiona. “A população não terá empatia por algo que não conhece”.
Pazza admite a dificuldade em fazer divulgação científica. Além de algumas iniciativas, como programas de rádio, requererem o trabalho de profissionais de outras áreas, não há uma valorização pelas próprias agências de fomento. Ele lembra que os programas de pós-graduação pontuam de acordo com o sistema Periódicos Qualis Capes. E comenta: “o que mede o cientista são os artigos que publica e, principalmente, as citações que tem. É a moeda de troca; somos avaliados por isso. Nenhum formulário questiona o que se faz em divulgação científica, mas quais são as nossas publicações mais importantes. O foco acaba sendo naquilo que move o pesquisador”.
A divulgação científica, portanto, na avaliação do professor, é “uma questão motivacional”, que ele vai tentando incentivar nos seus alunos, inclusive, em trabalhos com crianças nas escolas de Rio Paranaíba. Para Pazza, essa experiência permite uma reflexão sobre o que as pessoas querem da ciência, qual o papel do pesquisador e até onde se pode chegar. Trabalhar com crianças é um possível caminho para que se crie uma cultura de divulgação científica na opinião do professor. O seu desejo por isso é tão grande que, no semestre passado, lecionou uma disciplina específica sobre divulgação científica. Na bibliografia, dentre vários autores, havia um que desde cedo o inspirou: o astrônomo norte-americano Carl Sagan (1934-1996), que ele considera o maior divulgador de ciência.
Mais divulgação
Vale destacar que, no primeiro semestre de 2017, a Diretoria de Comunicação Institucional, em parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, promoveu uma iniciativa inédita na UFV com a realização de seminários sobre divulgação científica. Foram 23 palestras ministradas pelas jornalistas Léa Medeiros e Adriana Passos em programas de pós-graduação do campus Viçosa. Os seminários terão continuidade neste segundo semestre e serão estendidos aos campi de Florestal e Rio Paranaíba.
Adriana Passos
Divulgação Institucional
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 10/ago/2017 -
Já reconhecida pelas pesquisas que atestam a macaúba como fonte para a produção de biodiesel, a UFV confirma agora uma propriedade cosmética dessa palmeira, encontrada em boa parte do território brasileiro. O Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (DBB) recebeu, em julho, a sua primeira carta patente concedida no Brasil com um sabonete que tem em sua fórmula o óleo da polpa de macaúba. A patente veio sete anos depois de o pedido ter sido depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pelas professoras Marisa Alves Nogueira Diaz e Virgínia Ramos Pizziolo, em parceria com o Departamento de Fitotecnia (DFT) devido à participação do professor Sérgio Yoshimitsu Motoike e do técnico Francisco de Assis Lopes. Todo o processo teve o suporte da Comissão Permanente de Propriedade Intelectual, que auxiliou na elaboração de documentos para o depósito e acompanhamento do pedido até a concessão.
O sabonete produzido pelas pesquisadoras do DBB traz em sua fórmula uma mistura com óleo de macaúba, rico em betacaroteno (vitamina A), o que, segundo elas, confere um efeito sinérgico na restauração da epiderme. As professoras explicam que, “além de ser emoliente, prevenir o envelhecimento precoce contra radicais livres, a vitamina A – também conhecida como retinol – age na manutenção dos tecidos epiteliais”. O sabonete apresenta ainda em sua composição substâncias com propriedades bactericida e cicatrizante, que podem combater doenças, como dermatite e micose. O resultado, portanto, é um produto cujo uso contínuo ajuda na assepsia e na melhora da textura da pele, tornando-a mais suave devido ao alto poder emoliente do óleo de macaúba. As pesquisadoras também desenvolveram, com o óleo, um sabonete com ação terapêutica para prevenção e controle da mastite bovina. Esse produto, que também já teve o pedido de patente depositado, leva em suacomposição extrato da planta Salvinia auriculata e derivados.
Marisa Diaz e Virgínia Pizziolo contam que a ideia da produção dos sabonetes foi uma sugestão do professor Sergio Motoike – coordenador da pesquisa em macaúba no programa de pós-graduação em Fitotecnia da UFV – e do técnico Francisco Lopes, que integra a equipe. Foram eles que forneceram às professoras o óleo da polpa, coletado na plantação que o grupo mantém na Estação Experimental de Araponga (MG). A qualidade do óleo é assegurada com a extração no tempo certo, antes de o fruto, perecível, estragar. Motoike já conhecia o trabalho das professoras com sabonete, o que, inclusive, as destaca na área de extensão. Desde 2007, a professora Marisa oferece, ininterruptamente, na Semana do Fazendeiro o curso de Sabão Rural e, desde 2009, o de Sabonete Medicinal, juntamente com a professora Virgínia. Ela também já esteve à frente do projeto Produção de sabão com propriedades farmacológicas aliada à conscientização ambiental e sustentabilidade através da reciclagem de óleo vegetal residual, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Pesquisas
A patente obtida é a primeira das 11 já depositadas pelas professoras, que dividem a coordenação doLaboratório de Bioquímica e Química de Produtos Naturais (BioNat) da UFV. Ali, elas pesquisam e desenvolvem formulações antimicrobianas, antioxidantes e antitumorais a partir da flora e de microrganismos encontrados no entorno de Viçosa e na Mata Atlântica, e também por meio de síntese orgânica. Candeia da serra, quina da serra, losna, cravo, canela e calêndula são algumas das plantas mais estudadas devido às suas propriedades antimicrobiana e cicatrizante. É em torno da atividade cicatrizante, por sinal, que o estudante de doutorado do programa de pós-graduação em Bioquímica Aplicada Leandro Jose Gusmão vem realizando, sob orientação da professora Marisa, um estudo farmacológico e de farmacocinética da planta Remijia ferruginea. Com estudo in vivo, o objetivo é entender, por exemplo, o mecanismo de ação do produto desenvolvido a partir dessa planta, com grande capacidade cicatrizante. Outra linha de pesquisa do BioNat tem como foco o câncer de pele do tipo melanoma. A partir de compostos sintetizados no laboratório, elas desenvolvem formulações para o tratamento desse tipo de câncer.
As professoras, que são formadas em Farmácia e Bioquímica, reconhecem o longo caminho que há entre a obtenção de uma patente e a colocação do produto no mercado. Há uma série de testes a serem feitos. Muitos, inclusive, segundo explicam, não podem ser realizados na UFV, uma vez que a instituição não dispõe de um laboratório de farmacotécnica e farmacocinética, que daria mais agilidade e eficiência ao trabalho. Embora não haja ainda interação com uma empresa específica para a comercialização do sabonete – um dos muitos produtos desenvolvidos pelo BioNat – as professoras Marisa e Virgínia se dizem satisfeitas com os resultados das pesquisas, que têm sempre o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de MInas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Para elas, a patente é um importante reconhecimento do trabalho que realizam na UFV, onde ingressaram há pouco mais de uma década.
Adriana Passos
Divulgação Institucional
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 09/ago/2017 -
A UFV irá sediar, no dia 29 de agosto, a quarta edição do Fala Ciência: curso de comunicação pública da ciência e tecnologia. Promovido pela Rede Mineira de Comunicação Científica, vinculada à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o evento acontecerá a partir das 8h30, na Biblioteca Central do campus Viçosa. A proposta é incentivar a divulgação científica nas universidades e institutos de pesquisa de Minas Gerais. Esta será a primeira vez que o evento ocorrerá fora de Belo Horizonte.
O Fala Ciência, cujo slogan é “quem sabe compartilha”, é direcionado a estudantes de pós-graduação e de iniciação científica, professores, empreendedores, jornalistas e quem mais se interessar em aprender e discutir técnicas e plataformas para falar sobre ciência e tecnologia com a sociedade. Será um dia inteiro de palestras, que abordarão desde blogs e vlogs na internet com milhares de seguidores até iniciativas como o festival Pint of Science, que leva a ciência para bares e cafés de diferentes países.
Especialistas também falarão sobre recursos multimídia para a divulgação e técnicas de monitoramento de conteúdo em redes sociais. Na programação, estão previstas ainda uma palestra sobre mitos e verdades na abordagem do tema “mudanças climáticas” e uma oficina que ensinará aos pesquisadores as melhores técnicas para fazer pitches.
As vagas são limitadas e as inscrições, gratuitas, deverão ser realizadas, até 25 de agosto, neste link. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail portalciencia@ufv.br. O evento é realizado pela Diretoria de Comunicação Institucional da UFV e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PPG) com apoio do Programa de Popularização da Ciência e Tecnologia (Pop Ciência MG) e da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe). Haverá emissão de certificado.
Divulgação Institucional
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 08/ago/2017 -
31/07/2017
A partir de um protótipo construído para a Cemig, pesquisadores da UFV desenvolveram um método para implantação de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) que poderá ser usado por qualquer empresa do setor elétrico. Além de organizar um imenso volume de dados, será possível disponibilizá-los para diferentes tipos de públicos e clientes.
O projeto nasceu de um edital de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) aberto pela Fapemig, em parceria com a Cemig, em 2014. A ideia era construir um protótipo de um geoportal capaz de armazenar, organizar e disponibilizar os dados geográficos da empresa, uma das maiores do setor elétrico do país. O projeto foi realizado em parceria com o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), vinculado ao Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu (PR).
A Cemig é uma corporação com mais de 200 empresas nas áreas de produção, transmissão e distribuição de energia. Segundo o professor do Departamento de Informática Jugurta Lisboa Filho, coordenador do projeto, todos os setores envolvidos nestas áreas geram mapas e dados espaciais de diferentes níveis de complexidade. O problema é que o tamanho da empresa dificultava a comunicação entre os setores, gerando gastos desnecessários. “Muitas vezes, o mesmo mapa era produzido em diferentes setores e não havia padronização deste imenso conjunto de dados”. Por isso, o primeiro passo foi adequar os mapas segundo as regras internacionais do Open Geospatial Consortium (OGC). A padronização permite aos usuários sobrepor mapas, cruzar informações e ampliar o uso das informações espaciais utilizando ferramentas como geo web services.
Utilizando uma Infraestrutura de Dados Espaciais como base, os pesquisadores criaram um geoportal que disponibiliza as informações geográficas por meio de mecanismos de busca para acesso e alimentação de banco de dados. Mas o desenvolvimento de uma IDE envolve também a definição das políticas das empresas para criar portas que podem ou não ser abertas por diferentes públicos. Por ser uma corporação que trabalha com dados individuais de empresas e do cidadão, nem todas as informações podem ser públicas ou acessíveis a todos os setores da empresa. “É como construir uma imensa biblioteca de mapas, mas nem todas as prateleiras podem ser visitadas por todos”, explicou Jugurta, lembrando que, mesmo que haja restrições empresariais, grande parte destes dados poderá ser utilizada por pesquisadores e demais interessados.
Durante o processo de desenvolvimento, a equipe utilizou softwares livres que poderão reduzir ainda mais os custos das empresas interessadas em utilizar o método, porque dispensam licenças específicas para os programas. “Nossa grande surpresa foi que a Cemig descobriu muitas vantagens em usar softwares livres em ambiente empresarial e já desenvolveu diversos aplicativos usando esta tecnologia. Antes os desenvolvedores da Cemig utilizavam apenas soluções proprietárias, que são muito caras e fechadas”, comentou o professor, que é defensor do software livre. “Nosso maior ganho é saber que este projeto modificou a forma de trabalho na Cemig e proporcionou economia e melhora de desempenho das ferramentas”, comentou Alisson Rodriges Alves, engenheiro ambiental do CIH.
O projeto gerou quatro dissertações no programa de pós-graduação em Ciência da Computação do Departamento de Informática da UFV, permitindo a criação de uma metodologia específica para desenvolvimento de infraestruturas de dados espaciais para o setor elétrico. Os recursos também permitiram o financiamento de bolsistas de iniciação científica, de desenvolvimento tecnológico industrial e de pós-doutorado.
Como o projeto teve financiamento público, o método será disponibilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para outras empresas interessadas. “Nós desenvolvemos um método e fizemos um protótipo para a Cemig que poderá ser replicado. Cada empresa deverá ter equipes de programadores para criar seus próprios bancos de dados em ambientes próprios e com a segurança que necessitam”, disse Jugurta Lisboa.
Léa Medeiros
Divulgação Institucional
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 31/jul/2017 -
Os interessados em participar da Solenidade de Entrega de Certificados aos Mestres e Doutores da UFV deverão inscrever-se no período de 01 a 13/08/2017, clicando aqui.
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/jul/2017 -
25/07/2017
As empresas produtoras de eucaliptos no Brasil estão contando com a UFV para se antecipar às variações climáticas que podem ocorrer em um futuro próximo. E elas têm um bom motivo para isso. Com a seca inesperada entre 2013 e 2015, somente Minas Gerais perdeu cerca de 100 mil hectares de plantio de eucalipto. Se a situação se repetir, as empresas querem ter à disposição material genético tolerante ao estresse hídrico. No país, são 5,5 milhões de hectares plantados com eucaliptos. A maior área está em Minas Gerais, com cerca de 1,5 milhão de hectares.
Para garantir a produção, desde o início deste ano, 13 grandes empresas do setor florestal se uniram à UFV para a criação de um projeto de desenvolvimento de genótipos tolerantes à seca. Trata-se de um projeto inédito na área florestal em que cada empresa irá disponibilizar seus melhores clones para que a Universidade faça cruzamentos controlados, capazes de gerar plantas híbridas ainda melhores para produção de madeira e mais adaptadas à possível redução de chuva. “Este projeto só é possível porque envolve uma universidade. As empresas investem muito em melhoramento genético, mas perceberam que podem se juntar, buscando sinergia para reduzir custos e obter plantas mais resistentes. Elas só fazem isso porque confiam na capacidade de gestão do projeto cooperativo e da pesquisa da Universidade”, diz o professor Gleison dos Santos (foto), gestor técnico do projeto mediado pela Sociedade de Investigações Florestais (SIF), sediada na UFV.
Além de disponibilizar material genético de alto padrão, as empresas também estão financiando estruturas para o funcionamento da pesquisa no Departamento de Engenharia Florestal. Os recursos já permitiram reformas e construção de novas estufas, melhorias no viveiro de mudas, e irão também financiar bolsas de mestrado, pós-doutorado e iniciação científica para estudantes da UFV. “Em tempos de poucos recursos governamentais, a parceria com o setor privado é ainda melhor para o bom desenvolvimento das pesquisas”, avalia o chefe do Departamento de Engenharia Florestal, Sebastião Valverde.
O projeto prevê um ritmo para que as pesquisas aconteçam. A expectativa é que dure cerca de 15 anos, o tempo gasto para que uma nova variedade seja desenvolvida, cresça e possa ser avaliada em todas as suas fases de seleção. Mas a entrega de produtos de cada fase ocorrerá em etapas, com prazos mais curtos. Para começar, a Universidade tem dois anos para entregar a produção de sementes híbridas obtidas através do cruzamento entre os melhores materiais genéticos. “Serão feitos mais de 700 cruzamentos controlados e vamos polinizar mais de 160 mil flores de eucaliptos para geração de indivíduos mais resistentes”, conta Gleison Santos. Em uma próxima etapa, as sementes serão plantadas e avaliadas nas áreas de Minas Gerais e Bahia, onde houve as maiores perdas causadas pela seca. A cada entrega de resultados, as empresas investirão em novas etapas, como na realização de testes clonais, plantios pilotos, avaliação da qualidade dos híbridos para os diferentes tipos de uso da madeira e recomendações nutricionais mais adequadas para diferentes regiões.
Pesquisadores e empresas também querem saber por que um material genético é mais tolerante a seca que outros. Por isso, o projeto prevê ainda estudos sobre a fisiologia das plantas e aspectos nutricionais em relação aos diferentes tipos de solos. Para Moacir do Nascimento Filho, atual presidente da SIF, o Projeto pode marcar uma mudança na forma de relacionamento da universidade com as empresas: “estamos buscando áreas em que possamos trabalhar em sinergia”. Segundo o coordenador técnico do projeto, os resultados obtidos nas pesquisas irão elevar a competitividade florestal de todas as empresas que firmaram a parceria com a UFV. Além disso, os novos clones desenvolvidos deverão ser protegidos por patente que pertencerão à Universidade e às empresas participantes do projeto. “Assim, a inovação desenvolvida na UFV com apoio das empresas, poderá ser transferida para os plantios comerciais e aumentar a geração de emprego e renda, para a cadeia econômica que usa o eucalipto como matéria-prima”, diz Gleison.
Léa Medeiros

Os novos clones desenvolvidos deverão ser protegidos por patente que pertencerão à UFV e às empresas participantes do projeto
Contato
Professor Gleison dos Santos
(31) 3899-1197
Cel: (31) 99527-5915
E-mail: gleisons.ufv@gmail.com
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 20/jul/2017 -
19/07/2017
A Universidade Federal de Viçosa está marcando presença na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que começou no dia 16 e irá até 22 de julho, no campus da Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte (MG). O Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef (MCTAD) da UFV está participando do evento com um estande na Tenda SBPC Jovem, despertando a curiosidade e o interesse para o conhecimento de rochas, solos e minerais. Em cada dia da exposição, cerca de 150 pessoas estão visitando o espaço do MCTAD, que é coordenado pela professora do Departamento de Solos Cristine Carole Mugler.
A SBPC Jovem é realizada paralelamente à programação científica da Reunião Anual desde 1993. Destinada a estudantes do ensino básico, a iniciativa promove atividades que estimulam o desenvolvimento da criatividade e da capacidade inventiva e investigativa, a fim de despertar vocações e incentivar pesquisas nas escolas, buscando, assim, o interesse de crianças e jovens pelo universo científico, tecnológico e de inovação.
No estande do MCTAD, as crianças e adolescentes aprendem como os solos são formados a partir dos minerais e como se transformam ao longo do tempo. Os visitantes também conhecem algumas características dos solos e como participam dos ciclos de carbono e nitrogênio. As tintas, feitas com diferentes tipos desses solos, também viram brincadeira lúdica, assim como tema de um minicurso oferecido durante toda a semana.
A jornalista da Diretoria de Comunicação Institucional da UFV Léa Medeiros também ofereceu um minicurso de Divulgação Científica na Reunião, representando a Rede Mineira de Comunicação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Divulgação Científica
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 18/jul/2017 -
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação informa a publicação do Resultado Final dos Editais PIBIC UFV 2017/II.
Para visualizar a lista dos orientadores contemplados basta acessar o SISPPG, selecionar o Edital de interesse e acessar “Resultado Final”.
A PPG adiantou o prazo para cadastro dos bolsistas e entrega da documentação, que poderão ser feitos de 19/07/2017 até as 17h30 do dia 02/08/2017.
Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail ic.ppg@ufv.br, pelos ramais 1681 e 3760, ou na própria PPG, com o Carlos Eduardo ou o Thomás.
O PIBIC/UFV 2017/II é composto pelos Editais:
> PIBIC/CNPq 2017-2018; onde os orientadores candidatos podem submeter até duas propostas com projetos de iniciação científica diferentes, e os bolsistas a serem indicados deverão possui o CRA mínimo do curso.
> PIBIC-Af/CNPq 2017-2018;onde os orientadores candidatos podem submeter até duas propostas com projetos de iniciação científica diferentes, e os bolsistas a serem indicados deverão possui o CRA mínimo do curso e deverão ter ingressado na UFV pelo sistema de cotas (Grupos 1 ao 4).
> PIBITI/CNPq 2017-2018; onde os orientadores candidatos podem submeter até duas propostas com projetos de iniciação científica e tecnológica (comprovada a interação com alguma empresa)diferentes, e os bolsistas a serem indicados deverão possui o CRA mínimo do curso.
> SICOOB-UFVCredi 2017-2018; onde os orientadores candidatos podem submeter até duas propostas com projetos de iniciação científica diferentes, e os bolsistas a serem indicados deverão possui o CRA mínimo do curso e deverão ter vínculo comprovado com a SICOOB-UFVCredi.
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 12/jul/2017 -
O International Journal for Zoology publicou, na edição de junho, o artigo Taxonomy of Xylographellini (Coleoptera: Ciidae) from the Australian and Oriental regions with descriptions of new species of Scolytocis and Xylographella, que tem como autor e coautor, respectivamente, o doutorando do programa de pós-graduação em Ecologia da UFV Igor de Souza Gonçalves e o professor Cristiano Lopes Andrade, do Departamento de Biologia Animal, do campus Viçosa. O artigo, no qual são descritas duas espécies de besouros de fungos orelhas-de-pau (ciídeos) da Austrália e uma das Ilhas Carolinas, revela a interação que o Laboratório de Sistemática e Biologia de Coleoptera (LabCol), coordenado pelo professor Cristiano, vem mantendo com pesquisadores de diferentes países.
No caso das espécies australianas descritas, elas completarão a revisão que o pesquisador John Francis Lawrence está fazendo da fauna de ciídeos para a edição do segundo volume do livroAustralian Beetles. Para o estudo do Igor, orientado pelo professor Cristiano, Lawrence enviou ao laboratório da UFV cerca de cinco mil exemplares coletados por ele e outros pesquisadores ao longo de mais de 60 anos de pesquisa, para que pudessem ser comparados aos de outras faunas. No primeiro volume do livro e no artigo com a revisão preliminar dos ciídeos australianos, publicados, respectivamente, em 2013 e 2016, Lawrence já tinha citado trabalhos realizados no laboratório deColeoptera da UFV e destacado a qualidade deles.
Antes dos besouros enviados pelo pesquisador australiano já haviam chegado outros ao laboratório, que funciona no segundo andar do Anexo do CCB II, desde 2015. De museus da Europa, Austrália e África vieram coleções equivalentes a 100 anos de coletas. Somente do South African National Collection of Insects, da África do Sul, o presente foram quatro mil ciídeos coletados em 10 anos por três pesquisadores. Todas essas doações representam, na avaliação do professor Cristiano, o reconhecimento da seriedade com que sua equipe vem conduzindo o trabalho. Além disso, contribuem para o crescimento de uma coleção científica que, na última contagem feita pelo professor, somava 40 mil besouros montados e mais de 400 mil guardados em álcool.
Por enquanto, são 240 gavetas (foto abaixo) que armazenam espécies de diferentes países, idades, tamanhos, formatos e cores. Tem besouro de 1786. O menor é um ptiliídeo de 0,3 milímetro, quase imperceptível a olho nu, e o maior é um besouro serra-pau de 12,5 centímetros. Coleção de cíideos com mais exemplares do que a do Laboratório de Sistemática e Biologia de Coleoptera só a do Australian National Insect Collection, supõe Cristiano. Para cuidar de tudo, apenas a equipe, atualmente composta pela estudante de graduação Patrícia Rocha Macêdo, os mestrandos Artur Orsetti Silva Araújo e Paula Vieira Borlini, os doutorandos Igor de Souza Gonçalves, Ítalo Salvatore de Castro Pecci Maddalena e Sergio Zucateli Aloquio Junior e os professores Cristiano Lopes Andrade (UFV-Viçosa) e Lucimar Soares de Araujo (UFV-Rio Paranaíba). A falta de técnicos especialistas no assunto impede, dentre outras ações, que a coleção seja aberta ao público.
Especialidade
A rede de cooperação que o professor Cristiano faz questão de manter com pesquisadores estrangeiros reflete o seu entendimento de que não se consegue compreender a separação das espécies e sua história evolutiva olhando-se apenas para a fauna de um país. No caso da família de besouros Ciidae, da qual é especialista, há indícios de que ela exista há mais de 150 milhões de anos e sempre associada a fungos. “Como esses besouros têm uma história, a gente consegue estudar e desvendar um pouco dela. Não conseguimos reconstruí-la totalmente, porque não temos fóssil para isso; muitas espécies já foram extintas. Mas há uma história em comum; existe um antepassado que liga uma espécie brasileira com uma africana, por exemplo”, explica. O estudo da história evolutiva, segundo o professor, permite entender melhor os padrões encontrados nas espécies atuais e, até mesmo, realizar algum tipo de aplicação.
Os ciídeos estudados pela equipe são besouros que vivem exclusivamente em fungos orelhas-de-pau, alguns são bastante tóxicos, geralmente encontrados em árvores mortas. O professor conta que poucos animais conseguem se alimentar desses fungos, que roubam nutrientes do solo e dos troncos onde crescem. Os ciídeos não só comem esses fungos como os defecam modificados, sem que se mantenham tóxicos para o ambiente. Eles fazem, portanto, a ciclagem de nutrientes e, com isso, tornam vários nutrientes acessíveis para o restante do ecossistema.
Apesar da importância ambiental que têm, poucas pessoas se dedicaram – e ainda se dedicam – ao estudo de ciídeos. O fato de serem muito pequenos (de 0,5 a 7 milímetros) e, consequentemente, difíceis de serem manipulados, é uma das explicações para isso. Em todo o mundo há 51 gêneros e pouco mais de 700 espécies de ciídeos descritas. Dessas, 61 foram de autoria do professor Cristiano e colaboradores, que também descreveram três gêneros. Ele também é responsável pela descrição de 9 gêneros e 17 espécies de outras famílias de insetos. Todas essas espécies abrangem a fauna de 35 países. Vale destacar que a maioria dos trabalhos vem sendo realizada desde 2008, quando Cristiano ingressou como professor na UFV, onde também cursou mestrado e doutorado.
Interação
No LabCol, a equipe estuda a taxonomia e a ecologia de besouros que vivem em fungos, como ciídeos, erotilídeos e tenebrionídeos, para avaliar, por exemplo, o quanto degradam do fungo e o quanto retornam para o ecossistema. Mas a equipe também pesquisa espécies de besouros com outros hábitos, como os predadores da família Carabidae, de grande importância nos ecossistemas terrestres por regularem populações de outros organismos. Os carabídeos brasileiros têm sido pouco estudados nos últimos 40 anos, devido à morte, na década de 1970, de seu último especialista residente no Brasil. O desejo do professor Cristiano é reduzir as lacunas de informação geradas pela falta de taxonomistas de besouros no Brasil e no mundo. Por isso, além do trabalho de descrição, a equipe que passa pelo LabCol também contribui redescrevendo espécies e revisando faunas de besouros.
As ações são realizadas em conjunto com pesquisadores de países como Alemanha, Austrália, Canadá, Finlândia e Nova Zelândia. Graças a essa parceria, muitos estudantes do laboratório já fizeram estudos dentro e fora do Brasil. Recentemente, o doutorando Ítalo Pecci Maddalena recebeu uma bolsa da Universidade de Harvard para visitar coleções de besouros em museus da Europa. Ele trabalha com revisão de um gênero (Mycotretus) de besouros erotilídeos que ocorre somente nas América do Sul e Central. Outro doutorando, o Sergio Aloquio, está revisando um conjunto de gêneros de besouros tenebrionídeos dos trópicos e subtrópicos e se preparando para uma visita técnica a museus europeus.
Na avaliação do professor Cristiano, como as pesquisas com besouros que comem fungos estão começando no Brasil e, portanto, há poucos pesquisadores, trabalhar com faunas de outros países ajuda a alavancar os estudos e a valorizar o trabalho que é feito. Em sua opinião, “quando começa a se olhar para fora do quintal e sair da zona de conforto é que se vê que tem muito mais coisa para colher na ciência”. Cristiano não desmerece quem trabalha com a fauna brasileira, apenas considera que são objetivos diferentes. “Tem pessoas que se dedicam exclusivamente à fauna do Brasil e fazem trabalhos fantásticos”. Mas, para ele, é importante que uma universidade mostre que é referência em estudos de organismos de qualquer lugar do mundo. “Com os ciídeos, o LabCol conseguiu ser essa referência”, comenta. “É claro que sem a colaboração de pesquisadores do exterior, não teríamos como trabalhar com todo o material que temos. A Universidade ganha quando ela se abre. Tem vários setores da UFV que mantêm interações muito fortes com o exterior. Eu vejo que o laboratório, os estudantes e eu ganhamos muito com isso”.
De acordo com o professor Cristiano, o Brasil tem 110 famílias de besouros e apenas 20 delas contam com especialistas ativos. “Há, portanto, 90 famílias, uma quantidade absurda de bichos com interesses para diferentes áreas, sem especialistas no país”, ressalta. E revela: “eu queria formar especialistas em mais famílias”. Enquanto isso não acontece, o professor vai agregando os pesquisadores da área em iniciativas que incluem, por exemplo, o grupo de estudos – liderado por ele, com apoio do CNPq – sobre besouros detritívoros e micetócolos. A paixão pelos besouros, ele explica com a frase: “não tem nada mais diverso na face da Terra”. E ilustra: “só de espécies descritas, temos em torno de 400 mil. Somente a família Staphylinidae tem 60 mil espécies descritas, número equivalente a todos as espécies de vertebrados da Terra juntos”. Isso, segundo ele, significa ver coisa nova todos os dias. “Não é de vez em quando, é sempre”, afirma. “Se eu largasse a universidade hoje, besouro seria um hobby”.
Adriana Passos
Divulgação Institucional
Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 12/jul/2017 -