Teste para diagnóstico imediato da dengue e vacina contra a doença são desenvolvidos na UFV

23 de junho de 2014


por Elaine Nascimento

Tendo em vista que um diagnóstico rápido e confiável de um caso de dengue é essencial para orientar o tratamento de um paciente, pesquisadores da UFV estão desenvolvendo um kit que permite diagnosticar a dengue de forma imediata, com baixo custo e alta precisão. A equipe liderada pelo professor do  Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural, Sérgio Oliveira de Paula, desenvolveu um teste com antígeno obtido por meio da expressão de proteínas em leveduras. O teste consiste numa tira impregnada com antígeno, que em contato com o sangue do paciente, reage indicando na hora a ocorrência ou não da dengue.

O diagnóstico utiliza o método de imunocromatografia e segue o mesmo princípio do teste de gravidez, onde a alteração da cor da tira indica o resultado. O professor Sérgio explica que o teste é bem simples mesmo: “só pegar o soro do paciente, colocar essa tirinha e ver se deu positivo ou negativo. O teste pode ser feito por qualquer pessoa, em qualquer lugar, não precisa ser num ambulatório ou ter um especialista para saber o resultado”. O pesquisador destaca que essa resposta rápida ao paciente é necessária devido ao risco da dengue hemorrágica, uma forma mais grave da doença, que se não for tratada rapidamente pode levar à morte. De acordo com o professor Sérgio, a produção dos testes tem um baixo custo, permitindo a realização do diagnóstico em larga escala em todo o  Brasil, inclusive, em regiões mais afastadas dos grandes centros.

Hoje, no país, os antígenos usados para diagnóstico da dengue são obtidos a partir do cérebro de camundongos, “um processo caro e laborioso” – explica o pesquisador. O diagnóstico é feito pelo teste sorológico MAC-ELISA, coletado após o sexto dia do início dos sintomas. É necessário aguardar esse período para realizar o exame porque é o tempo que o organismo leva para produzir o anticorpo, que é a molécula que vai permitir detectar se o indivíduo está ou não com dengue.

Já o teste que está sendo desenvolvido no Laboratório de Imunovirologia Molecular da UFV não precisa esperar todo esse tempo. Ao aparecer os primeiros sintomas, ele já pode ser feito.  Segundo o professor Sérgio, a pesquisa, além de propor um novo teste, pode aprimorar o exame já utilizado para diagnóstico. De acordo com o pesquisador, o antígeno obtido por meio da expressão de proteínas já foi testado no MAC-ELISA e aplicado em seres humanos, com respostas muito satisfatórias.

Vacina de subunidade tetravalente

A dengue é transmitida através da picada de mosquitos do gênero Aedes e a principal medida de controle da doença é o combate a esse vetor. Contudo, com a chuva, o  número de vetores aumenta e, consequentemente, o número de casos também. Pensando no efetivo controle da doença, a equipe do professor Sérgio vem se dedicando à produção de uma vacina tetravalente contra os vírus dengue. A vacina gera uma proteína recombinante (com sequência dos quatro sorotipos do dengue). Além da proteção da proteína, a vacina contém adjuvantes genéticos, que são substâncias que potencializam o sistema imune, ajudando a  melhorar a resposta da pessoa.

De acordo com o pesquisador, existem no mercado em fase de teste, vacinas de vírus atenuados. Mas essas vacinas provocam muitos efeitos colaterais. A pessoa vacinada manifesta sintomas como se estivesse infectada com o vírus dengue, por isso essas vacinas não estão em uso. Já as vacinas de subunidades são potencialmente mais seguras, mais estáveis, facilmente administráveis e vem apresentando bons resultados contra diversas doenças infecciosas. A vacina tetravalente contra os vírus dengue que está sendo produzida na UFV “apresenta poucos efeitos colaterais e se mostra economicamente viável para a escala industrial. Já foram feitos testes em camundongos e as respostas obtidas até agora são promissoras” – afirma o professor.