Arquivo de 2015

Pesquisadores criam biofábrica de inimigos naturais para combate de pragas em morangueiros

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 06/jul/2015 -

O cultivo de morangos é uma atividade agrícola importante para Minas Gerais, sobretudo porque movimenta a agricultura familiar em polos de produção espalhados nas várias regiões do estado. Mas os morangos também são conhecidos como um dos vilões do uso abusivo de agrotóxicos. Sensíveis às pragas e doenças, os frutos recebem várias aplicações de defensivos químicos para chegarem vermelhos e robustos à mesa do consumidor. Na era da alimentação saudável, produtores e consumidores estão em busca de alimentos livres de agroquímicos. O trabalho de uma equipe de pesquisadores da UFV pode oferecer alternativas agroecológicas de combate às principais pragas de morangos em cultivos comerciais.

O controle biológico de pragas é uma das linhas de pesquisa mais importantes do Departamento de Entomologia da UFV. Ele consiste em utilizar inimigos naturais, que podem ser predadores ou parasitas, para combater as pragas que causam danos ao cultivo de qualquer cultura agrícola. O Departamento já tem muito conhecimento e prestígio científico nesta área, mas a maioria está em teses e dissertações que não chegam ao dia a dia das propriedades rurais. Agora, três pesquisadores do Laboratório de Acarologia da UFV criaram uma empresa de base tecnológica especializada em controle biológico, cuja missão é resolver problemas dos agricultores que demandem pesquisas e soluções para o manejo de pragas.

A Biofábrica de Inimigos Naturais está sendo chamada de Econtrole e está em fase de pré-incubação na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBT), do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (CenTev) – UFV. A empresa conta com o apoio institucional do Departamento de Entomologia porque o negócio envolve um processo contínuo de pesquisas para monitoramento e controle de pragas que podem ser diferentes para cada produtor ou região. Para começar, os três sócios, que fazem pós-doutorado na UFV, elegeram o cultivo de morangos atacados por dois tipos de ácaros: o rajado (Tetranychus urticae) e do enfezamento (Phytonemus pallidus). “Estas pragas também atacam outras plantas como tomateiros e feijoeiros, em que os inimigos naturais também podem ser usados com sucesso. Mas, por enquanto, vamos focar nas lavouras de morango”, diz Felipe Lemos, um dos sócios da Econtrole.

Durante o processo de incubação da empresa, eles testaram a metodologia de controle em uma propriedade agrícola no município de Ervália, próximo a Viçosa. “Acompanhamos uma safra de morangos comparando o controle químico com a introdução do ácaro predador Neoseiulus anonymus, um inimigo natural do ácaro praga. O controle biológico foi mais eficiente e bem mais econômico para o produtor”, afirma João Alfredo Ferreira, outro sócio da Econtrole. Os pesquisadores lembram que a economia vai além dos custos menores de produção. “Predadores naturais não contaminam a água, o solo e nem os agricultores acostumados a manusear os aplicadores de defensivos, que são nocivos à saúde. Isso sem falar na saúde do consumidor que vai ingerir alimentos sem agrotóxicos”.

Parte do trabalho da empresa consiste em criar os ácaros predadores em laboratórios e introduzi-los nos plantios de forma sustentável. “É preciso considerar as características de cada propriedade e monitorar as pragas. Em alguns casos, como nos morangos, precisamos fazer uso de alimentos alternativos para os inimigos naturais, como pólen floral, para garantir que a população de predadores se mantenha na proporção que cada lavoura necessita, mesmo quando há pouca praga”, explica Felipe Lemos.

Na propriedade do agricultor José Wanderlei Ferreira Rezende, em Ervália, o controle biológico está dando certo e a comercialização de produtos sem defensivos agrega valor aos morangos produzidos. Os funcionários da propriedade alimentam os ácaros predadores e monitoram as pragas para que o controle aconteça na medida certa sem a presença constante dos pesquisadores. “Nós oferecemos a tecnologia e acompanhamos os resultados”, diz João Alfredo. Segundo ele, o processo é simples e pode ser conduzido pelos proprietários. O próximo passo é desenvolver tecnologias de fácil aplicação para que os agricultores consigam criar minibiofábricas de inimigos naturais nas próprias fazendas, reduzindo custos de controle de pragas nas próximas safras.

Para o professor Angelo Pallini, do Departamento de Entomologia, que acompanha o processo de incubação da Econtrole, apoiando iniciativas como esta, a Universidade Federal de Viçosa está incentivando o empreendedorismo nos pesquisadores criando novos modelos de negócios que envolvem tecnologia. “Estas empresas se dedicam a encontrar soluções ambiental e economicamente sustentáveis para problemas que afetam a economia, utilizando ferramentas científicas que foram desenvolvidas na Universidade”.

(Léa Medeiros)

 

O trabalho já está dando bons resultados em uma propriedade rural em Ervália-MG

O trabalho já está dando bons resultados em uma propriedade rural em Ervália-MG

O ácaro predador se alimenta do ácaro praga, controlando o ataque às folhas do morango

O ácaro predador se alimenta do ácaro praga, controlando o ataque às folhas do morango

Núcleo de Biomoléculas disponibiliza equipamentos de alta complexidade para pesquisas

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 02/jul/2015 -

Pesquisadores da UFV  já podem contar com um equipamento capaz de sequenciar um genoma humano em menos de uma semana. Este é apenas um dos equipamentos capazes de realizar análises de alta complexidade que estão à disposição de usuários no Núcleo de Biomoléculas (NuBioMol). O Núcleo funciona como um laboratório multiusuário e reúne equipamentos para dar suporte analítico para todos os departamentos da Universidade e outras instituições de pesquisa.

Os equipamentos de alta complexidade fazem com que o NuBioMol esteja entre os cinco melhores laboratórios do país para análise de moléculas biológicas. Por isso, atende também a outras universidades, inclusive estrangeiras. O Núcleo foi criado em 2009, principalmente com recursos do CT-Infra Finep, para reunir equipamentos capazes de atender às demandas de diferentes pesquisadores que exigem análises químicas e biológicas de alta complexidade. Hoje, são mais de dez equipamentos que, juntos, custaram mais de R$ 12 milhões e estão em pleno funcionamento. O NuBioMol  já atendeu a pelo menos 130 projetos de pesquisas de 12 programas de pós-graduação e foi fundamental para o desenvolvimento de teses, dissertações e trabalhos científicos de alto impacto.

Além de dois sequenciadores de DNA/DNA, o NuBioMol conta com vários espectrômetros de massa com diferentes configurações para análises de moléculas orgânicas pequenas, bem como de macromoléculas. Estes equipamentos possibilitam o estudo da variabilidade genética e da fisiologia molecular em plantas e animais, com aplicações biotecnológicas e no melhoramento genético, bem como detecção e quantificação de moléculas orgânicas de contaminantes do solo e de águas fluviais.

Segundo seu coordenador, o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular Humberto Josué de Oliveira Ramos, o NuBioMol também contribui para a formação dos pesquisadores, porque eles são treinados para usar os equipamentos descobrindo outras potencialidades e aplicações de metodologias analíticas. “Não fazemos mais, porque temos poucos funcionários para treinar pesquisadores e poucos recursos para a manutenção, que é caríssima. Mas nossa estrutura está entre as melhores do mundo e a UFV pode se orgulhar disso”, disse o professor Humberto.

O NuBioMol fica localizado na casa nº 21 da Vila Giannetti. Para conhecer melhor seus equipamentos, acesse o site www.nubiomol.ufv.br.

(Léa Medeiros)

O professor Humberto Ramos é o coordenador do NuBioMol

O professor Humberto Ramos é o coordenador do NuBioMol

Núcleo de Microscopia e Microanálise comemora 10 anos como exemplo de laboratório multiusuário

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/jun/2015 -

As três imagens abaixo mostram uma mesma parte da planta Curatella americana, conhecida popularmente como lixeira. No passado a planta do cerrado brasileiro era usada para arear panelas e lixar unhas porque é constituída por até 80% de sílica. A diferença entre as três imagens está no poder da lente de um microscópio. A primeira foi aumentada 250 vezes; a segunda, 716 e a terceira, 1500 vezes. O nível de detalhamento destas imagens é ainda pequeno perto do que pode fazer um novo microscópio recentemente adquirido pelo Núcleo de Microscopia e Microanálise (NMN) da UFV. Ele pode ampliar uma imagem até 630 mil vezes. Para usá-lo talvez seja preciso entrar numa fila de espera que pode durar meses.  Isso porque os equipamentos do NMM/UFV não param de funcionar para dar conta das fronteiras do conhecimento em todas as áreas de pesquisa.

 

microscopia

O NMN está comemorando 10 anos de atuação como um bom exemplo de laboratório multiusuário e do bom uso do dinheiro público. Tudo começou em 2004 quando havia apenas dois microscópios eletrônicos na Universidade. Quem precisasse usar tinha que contar com a boa vontade dos poucos pesquisadores que conseguiam comprá-los com seus projetos. Foi então que um grupo de possíveis usuários se juntou para criar o Núcleo de Microscopia destinado a multiusuários. A partir de 2005, tudo o que foi comprado deveria atender a toda a UFV, otimizando o uso de equipamentos muito caros e sofisticados.

Atualmente, o NMM atende a 21 departamentos, mais de 120 professores e soma, em 10 anos, contribuições valiosas para mais de 700 pesquisas. Muitas delas foram premiadas, viraram capa de periódicos científicos de alto impacto e deram grande projeção às pesquisas realizadas na UFV. “Não é possível fazer pesquisa de ponta sem ir aos detalhes micro ou nanométricos, sem ver o que nunca foi visto e que pode revelar dados desconhecidos e de grande importância para o conhecimento”, disse o professor José Eduardo Serrão, coordenador do NMM.

Ainda segundo o professor Serrão, o NMM disponibiliza equipamentos, mas não realiza pesquisas próprias. “Nosso propósito é também o de contribuir para a formação dos pesquisadores”, afirma ao explicar que, depois de passarem por um treinamento, os próprios usuários podem operar os equipamentos. O objetivo é dar eles a oportunidade de aprofundar os estudos das amostras.  “Ele tem que ver a sua amostra, observar detalhes que o ajudam a compreender o que está estudando e até ir além do que esperava”, diz Karla Gonçalves Ribeiro, uma das técnicas responsáveis pelo Núcleo.

No NMM, os preços dos equipamentos são inversamente proporcionais ao tamanho das imagens. Um microscópio capaz de aumentar uma imagem mais de 600 mil vezes ou de permitir a observação de células ou nanomoléculas pode custar quase R$2 milhões.  Quase todos os equipamentos foram comprados com recursos do CT Infra/Capes, da Fapemig e do CNPq. “O que temos de mais barato aqui custa em torno de R$300 mil. E todos eles são usados o dia todo por quem precisar. Tudo aqui é utilizado na capacidade máxima para justificar o investimento”, conta Gilmar Valente, outro técnico responsável pelos equipamentos. A diversidade das pesquisas também justifica a necessidade do laboratório multiusuário. Microscópios eletrônicos de varredura, de transmissão, de força atômica, de fluorescência e outros disponíveis contribuem para pesquisas que estão nas fronteiras do conhecimento. “As imagens permitem identificar novas espécies de plantas e animais, detalhes de células, de polímeros, de solos, enfim, estamos equipados como as melhores universidades do mundo”, declara o professor Serrão.

O NMM também atende às demandas de outras universidades, inclusive estrangeiras.  Os usuários pagam valores simbólicos que ajudam na manutenção dos equipamentos. Mas a maior parte dos investimentos fica por conta de projetos de agências financiadoras. “Costumamos dizer que qualquer reparo em um equipamento destes pode custar cinco dígitos”, brinca Gilmar. Por isso, os usuários são constantemente acompanhados pelos técnicos responsáveis.

O NMM funciona na casa 22 da Vila Giannetti. Para agendar o uso dos equipamentos disponíveis basta seguir as instruções deste link

 

O Professor José Eduardo Serrão é o coordenador do NMM.

O Professor José Eduardo Serrão é o coordenador do NMM

Estudantes que utilizam o portal de periódicos da Capes podem fazer autenticação pelo sistema da UFV

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 25/jun/2015 -

Os estudantes que utilizam o portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior (Capes) para acessar os periódicos podem realizar o login no site por meio da “Comunidade Acadêmica Federada” (CAFE).

Para tal, é preciso entrar no portal de periódicos da Capes, clicar na aba “Meu espaço“, escolher a opção “CAFe – Comunidade Acadêmica Federada“.  Neste novo link, é preciso escolher a instituição “Universidade Federal de Viçosa”. Após este processo, haverá um redirecionamento para a página de autenticação dos sistemas da UFV, onde devem ser digitados normalmente o CPF e a senha dos sistemas da UFV.

Na primeira vez que for utilizado o acesso ao Portal de Periódicos via Federação CAFE, será solicitada a criação de um usuário e uma senha para o portal da Capes, sendo necessário portanto, a autenticação no portal conforme orientações que aparecerem. Assim, nos próximos acessos será necessário apenas login pelo portal de autenticação da UFV (mesmo que o acesso seja feito pela página da Capes).

Para maiores informações, basta acessar o tutorial da Capes ou entrar em contato com o Sistema de Tecnologia da Informação do campus Florestal, pelo telefone 3536-3394 ou com a Diretoria de Tecnologia da Informação do campus Viçosa pelo telefone 3899-2600.

Programa One Health coloca UFV como referência nacional em saúde unificada

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 16/jun/2015 -

 

De 8 a 12 de maio, mais de 60 estudantes e professores da UFV participaram de uma maratona de palestras e debates sobre temas variados, como dengue, informática na medicina, doenças em animais, problemas ambientais e autismo. Tudo isso fez parte de uma disciplina de pós-graduação muito diferente e, até então inédita, no Brasil. Os alunos e professores que participaram da disciplina especial, reconhecida pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação, têm em comum o interesse em participar de um programa que está fazendo da UFV uma referência nacional em saúde unificada: o One Health Partnership.
O objetivo da disciplina One health: reducing risks of diseases at the animal – human- ecosystems interfces foi reunir pesquisadores dos vários departamentos que trabalham com temas transversais de saúde. A princípio, estão participando do One Health os departamentos de Nutrição e Saúde, Medicina Veterinária, Medicina e Enfermagem, Educação Física, Biologia e Engenharia Florestal, Tecnologia de Alimentos Agronomia e Microbiologia Agrícola. Durante a semana, eles assistiram a palestras e debates de áreas pouco comuns às suas práticas cotidianas, mas o objetivo era mesmo o de reuni-los para saber o que têm em comum e como podem trabalhar juntos em prol da saúde integral do homem, do meio ambiente e dos animais.

Para entender melhor a mistura de áreas tão diversas, é preciso voltar a 2012 e conhecer uma personagem central para o fato de a UFV está servindo de modelo para a América Latina.Christina Pettan-Brewer formou-se em Medicina Veterinária na UFV, em 1988, e foi para os Estados Unidos em busca de oportunidades de trabalho. Tornou-se professora da Universidade de Washington, em Seattle, sempre trabalhando com medicina comparada e doenças infecciosas. Em dezembro de 2012, ela voltou a Viçosa para a festa de 25 anos de formatura e soube que a UFV tinha um curso de Medicina. Foi então que procurou os dirigentes da UFV para apresentar o trabalho que realiza nos EUA com o conceito de One Health. “A saúde integral é um conceito muito antigo, que existe desde o século XIX, mas que se perdeu com a excessiva especialização que desintegrou os grupos que trabalhavam de forma integrada em torno de um tema”, explica a professora. Ela conta que surtos de doenças emergentes de grande alcance mundial acabaram reunindo as associações de médicos e veterinários nos Estados Unidos para pesquisas e ações conjuntas para combater as doenças, a partir de 2007.

O trabalho atraiu outros profissionais, como dentistas, antropólogos e estatísticos popularizando o conceito de One Health em várias partes do mundo, a partir de 2010. “Um exemplo foi o trabalho dos antropólogos no combate ao vírus Ebola. O conhecimento de que os povos nativos tinham o hábito de se abraçar durante períodos de luto foi fundamental para compreender a disseminação da doença e determinar ações de combate ao contágio que envolvia a mudança de hábitos culturais”, conta Cristina, referindo-se à doença que matou mais de oito mil pessoas em todo mundo.

One health na UFV
A experiência da ex-aluna foi imediatamente acatada pela administração da UFV, por meio da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Segundo ela, “One Health não é apenas pesquisa. Na UFV, nós começamos pela pesquisa porque tivemos o apoio da administração e sensibilizamos professores dos programas de pós-graduação em Veterinária, Engenharia de Alimentos e Nutrição compartilhando pesquisas e interesses em prol da saúde unificada”.

De volta aos Estados Unidos, a professora Cristina buscou apoio em universidades estrangeiras para promover o intercâmbio de pesquisadores da UFV interessados no conceito de One Health. Nesse período, a reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares esteve nos Estados Unidos para incrementar algumas parcerias e acabou promovendo o primeiro programa de due degree (dupla titulação) de uma universidade americana (Washington State University) com uma universidade brasileira. “Os programas de pós-graduação americano e brasileiros são diferentes, mas nós conseguimos fazer com que os estudantes de doutorado da UFV ganhassem a dupla titulação ao cursar disciplinas nas universidades do estado de Washington”, conta a reitora.

Em dois anos, pelos menos cinco pesquisadores, entre alunos de doutorado e professores, foram para os Estados Unidos ou para a Austrália por meio das parcerias de colaboração firmadas pelo programa One Health. A diferença é que este programa inclui pesquisas duradouras, ou seja, os interessados têm que se adaptar às pesquisas em andamento e dar continuidade a elas estudando vários aspectos de um mesmo tema, ou de aspectos transversais à saúde integral. “O pesquisador pode ser engenheiro florestal ou zootecnista que estude as interações do solo ou de animais com a saúde. Um pesquisador de artes pode trabalhar com autismo em parceria com pesquisadores da microbiota intestinal. Mas eles têm que participar de pesquisas que continuam mesmo depois de uma tese ser defendida”, explica a professora Cristina, que está na UFV desde o mês de março.

Em sua permanência no campus Viçosa, ela se empenhou em organizar a disciplina especial da pós-graduação e buscou apoio em vários departamentos. Isso porque, desde 2014, é embaixadora do Fulbright Program para promoção da saúde integrada na América Latina. “Submeti a proposta e ganhei esta bolsa para iniciar o programa na América Latina e escolhi começar por Viçosa, por conhecer bem esta Universidade onde estudei”, conta a professora.
Em maio deste ano, Cristina representou o Brasil na One Health Global Conference 2015, em Madri (Espanha). O evento reuniu pesquisadores de 40 países e apresentou o Brasil e a Universidade Federal de Viçosa como referência do projeto na América Latina. “Já temos outras universidades interessadas em participar, mas a UFV será o modelo que queremos disseminar. Vamos criar os centros de referência em One Health e, quem sabe, fazer com que a próxima conferência mundial aconteça no Brasil”.

Na UFV, o Programa conta com o apoio do professor Luis Augusto Nero, do Departamento de Veterinária, que tem agido como seu coordenador informal, e da coordenadora do programa de pós-graduação em Nutrição e Saúde, professora Josefina Bressan, além de vários outros professores que já estão trabalhando de forma integrada.“São perspectivas que ainda não existem e uma oportunidade de trabalhar em colaboração com outras universidades para descobrir formas de controle e tratamentos para doenças emergentes em todo o mundo. É uma oportunidade rara e muito boa e nós precisamos intensificar nossa participação”, disse o professor Nero. Ele lembra que a parceria também cria redes de cooperação internacional muito positivas para os pesquisadores e oportunidades alternativas de financiamento. “É uma oportunidade imperdível para nossos alunos e para o doutorado, que vai formar profissionais capacitados para compreender e tratar a saúde de maneira integral”, disse a reitora da UFV, comemorando o fato de a UFV ter se tornado modelo para o conceito de One Health na América Latina.

(Léa Medeiros)

Christina Pettan-Brewer é ex-aluna da UFV e embaixadora do Programa One Health para a América Latina

Christina Pettan-Brewer é ex-aluna da UFV e embaixadora do Programa One Health para a América Latina

 

Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação altera horário de atendimento durante greve

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 03/jun/2015 -

A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação informa que, em função da greve dos técnicos administrativos, a partir desta terça-feira (02), o atendimento ao público será somente à tarde: das 14h às 18h.

Pesquisa da UFV leva sabor da banana prata anã para Europa

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 28/maio/2015 -

A banana mais comercializada no mundo é a do tipo nanicão, que, diferentemente do que muitos pensam, está longe de ser a mais consumida nos países produtores da fruta. No Brasil, por exemplo, a maioria das mais de 100 mil toneladas de bananas exportadas por ano é nanicão, contudo, mais de 60% das consumidas no país são do tipo prata. Acontece que a nanicão é mais resistente ao processo de exportação do que os outros tipos da fruta. Esse fato chamou a atenção de produtores do norte de Minas Gerais, que buscaram ajuda da UFV para conseguir exportar o sabor da banana prata anã para a Europa.

A demanda por uma pesquisa aplicada que possibilitasse a entrada de bananas prata anã no mercado europeu, a princípio em Portugal, originou-se na Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), de Janaúba (MG), cujo potencial de produção dessa variedade é grande, e veio parar nas mãos do professor do Departamento de Fitotecnia da UFV Luiz Carlos Chamhum Salomão. O primeiro contato foi intermediado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e aconteceu em 2011. Mas só a partir de 2012, depois do estabelecimento de um convênio, o pesquisador passou a coordenar uma série de experimentos que tinham como objetivo entregar um contêiner de bananas prata anã com qualidade para serem comercializadas em Portugal.

De acordo Luiz Carlos, o transporte de bananas do Brasil para a Europa acontece exclusivamente via navio e dura de 24 a 26 dias. A fruta precisa chegar verde ao seu destino para passar pelo processo de climatização – que é o amadurecimento forçado – e ser adquirida e consumida com qualidade. Atualmente, a banana nanicão domina o mercado internacional, porque é mais resistente a esse processo. Outros tipos da fruta possuem vidas pós-colheita curtas, como a prata anã, que amarelece e entra em processo de senescência – ou apodrecimento – rapidamente.

O professor conta que já havia realizado experimentos sobre conservação de bananas na UFV, mas as condições da pesquisa aplicada eram diferentes. Ele, então, convidou pesquisadores vinculados ao campus Janaúba da Universidade Estadual de Montes Claros para participar do trabalho, primeiramente, em pequena escala – com conjuntos de três bananas.

Foram trabalhados, principalmente, três aspectos na pós-colheita: ponto de colheita, para que a fruta pudesse suportar vários dias verde; temperatura de armazenamento e absorção do etileno – hormônio responsável por induzir o amadurecimento. “Foram séries de experimentos para chegarmos a um resultado”, destaca Luiz Carlos.

O ponto de colheita ideal da banana prata anã foi com 32 milímetros de diâmetro, uma fruta “mais magra”, que demora mais para amadurecer porque está menos propensa a reagir ao etileno. Já a temperatura de armazenamento foi de 14,5°C. O professor Luiz Carlos explica que, nos experimentos realizados em Viçosa, refrigeravam-se as bananas a 10°C durante 25 dias e, depois, elas amadureciam perfeitamente. “Quando tentamos colocar a banana de Janaúba na câmara fria, a 10°C, ela ficou com a casca escura. Isso mostrou que a região de cultivo é muito importante”. Quando a equipe chegou aos 14,5°C e a casca da prata anã não escureceu, passou-se para a próxima etapa: absorver o etileno produzido pela fruta. A substância que tem essa característica é o permanganato de potássio, que foi incluído por meio de sachês dentro das embalagens padronizadas para exportação, compostas por saco plástico hermético e caixa de papelão.

Depois que os experimentos iniciais geraram os resultados esperados, o momento foi de testar o processo elaborado em escala comercial. Isso aconteceu em agosto de 2014, quando a equipe envolvida na pesquisa realizou um experimento com 240 caixas de 20 quilos de bananas prata anã (quase cinco toneladas no total). Elas ficaram armazenadas em um contêiner refrigerado durante 25 dias e, quando foram abertas, o resultado não foi animador: cerca de 25% das frutas estavam maduras. Um agravante para a situação era a falta de tempo para novas experimentações. A saída foi realizar um último teste, definitivo, pois o contêiner deveria ser enviado para a Europa.

Nesta última tentativa, o plástico que envolvia as bananas foi substituído por um mais espesso e hermético, que garantiria uma troca de gases menor entre o interior e o exterior da embalagem e a funcionalidade do absorvedor de etileno. E, assim, no dia 10 de outubro, as novas caixas de banana prata anã foram enviadas para Portugal.

No dia 3 de novembro, o contêiner chegou de caminhão a Lisboa, depois de ser desembarcado no porto de Roterdã, na Holanda. Quando foi aberto, uma surpresa: apenas três conjuntos da fruta estavam maduros. “Foi um sucesso!”, disse o professor Luiz Carlos, que considerou a experiência um desafio para a sua carreira profissional. “Queremos contribuir com algo que tenha certo impacto, que dê vantagem competitiva para o Brasil. Na área de pesquisas com bananas, com a qual trabalho há 30 anos, foi bastante satisfatório e enriquecedor”.

E, apesar de ter alcançado o objetivo inicial, Luiz Carlos afirma que a pesquisa ainda não foi encerrada. A partir de agora, a equipe realizará avaliações econômicas mais detalhadas, com a finalidade de baratear a exportação da prata anã. “Nossa ideia é tentar diminuir a concentração do absorvedor de etileno, a temperatura de armazenamento… Ajustes finos para otimizar”, ressalta o coordenador.

(Izabel Morais)

A fruta precisa chegar verde ao seu destino para passar pelo processo de climatização e ser consumida com qualidade

A fruta precisa chegar verde ao seu destino para passar pelo processo de climatização e ser consumida com qualidade

Cassação de título de Mestre

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 20/maio/2015 -

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Viçosa, comunica a toda comunidade acadêmica, entidades educacionais públicas e particulares e órgãos de fomento, conselho regulador de profissão e entidades afins que de acordo com o que consta no processo 003592/2013, instruído pela Universidade Federal de Viçosa, fica cassada a aprovação da defesa de dissertação, do diploma e do título de Magister Scientiae em Economia Doméstica do Sr. Paulo Henrique Bittencourt Moreira, por violação de direito autoral e de fraude acadêmica.

Pesquisa desenvolve processo para degradação de sacolas plásticas

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 14/maio/2015 -

De tempos em tempos, alguma cidade brasileira convive com a polêmica proibição do uso de sacolas plásticas em supermercados. Quem elabora as leis proibitivas usa como principal argumento o longo período que uma sacola plástica leva para ser degradada no ambiente e a quantidade de lixo que está sendo deixada para as gerações futuras. Mas uma pesquisa realizada no Departamento de Microbiologia da UFV desenvolveu um processo para acelerar a degradação de plásticos biodegradáveis.

O processo, que está sendo patenteado pela Universidade, foi desenvolvido pelo pesquisador José Maria Rodrigues da Luz, durante seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Microbiologia Agrícola. Ele conta que, para tornar mais leve a consciência de quem se preocupa com o meio ambiente, muitos supermercados adotaram as sacolas chamadas de D2W ou oxi-biodegradáveis ou, ainda, os plásticos verdes, usados normalmente para embalar frutas e verduras. As embalagens D2W são feitas com plástico originário de petróleo aditivado com íons metálicos de titânio. Já os plásticos verdes possuem em sua composição polímeros oriundos do bagaço de cana-de-açúcar. O problema é que nem mesmo as empresas produtoras conhecem bem a eficiência da degradação desses produtos.

Pesquisa
Nas embalagens, costuma estar escrito que as sacolas se decompõem em um período máximo de 18 meses, dependendo da exposição à luz solar. Mas a informação é vaga e, até agora, não havia nenhuma prova concreta. Por isso, o pesquisador começou o trabalho avaliando se as sacolas eram realmente biodegradáveis. ”O que sabemos é que este tipo de embalagem, quando exposta ao sol, nos lixões ou aterros, pode sofrer um processo de decomposição, mas nem sempre ele é completo”, explica José Maria. A pesquisa utilizou avaliações químicas, físicas e biológicas em equipamentos de microscopia e espectrofotometria e concluiu que a simples exposição ao sol não é suficiente para a degradação das sacolas ditas ecológicas.

Na segunda fase, os pesquisadores procuraram uma forma de acelerar o processo de degradação ou de torná-lo mais eficiente. Para isso, foi avaliado o potencial dos fungos da podridão branca, já conhecidos como bons degradadores de polímeros complexos. Deu certo, mas o processo ainda era muito lento. Faltava a umidade para propiciar o crescimento inicial do fungo. “Nós colocamos toalhas de papel em cima das sacolas porque o fungo, inicialmente, não ataca o plástico e sim o papel para produzir enzimas que degradam o plástico”, conta José Maria.

Segundo a orientadora da pesquisa, a professora Maria Catarina Megumi Kasuya, o resultado foi surpreendente. Sem a presença de luz solar, o plástico começou a ser degradado em apenas 45 dias. Na presença do sol, o processo é ainda mais rápido porque o calor causa alterações físico-químicas que flexibilizam o plástico e facilitam a proliferação do fungo. As sacolas que são tingidas com corantes também não ofereceram resistência ao processo de degradação. A boa notícia é que o plástico verde, feito com polímeros da cana-de-açúcar, desaparece ainda mais rapidamente do ambiente, após o tratamento com o fungo.

O que os pesquisadores não esperavam é que processo de degradação ainda formasse cogumelos comestíveis, ou seja, alimentos a partir dos plásticos degradados. “Nós sabemos que o cogumelo produzido é comestível, mas ainda precisamos analisar se alguns componentes tóxicos, oriundos da degradação do plástico ou das tintas, podem se acumular nos cogumelos”, alerta Catarina Kasuya. Esta é a próxima etapa da pesquisa na linha de processos e produtos microbiológicos, do Departamento de Microbiologia.

A UFV já fez o pedido de patente do processo de degradação das sacolas e da produção de cogumelos. “Queremos muito ver este processo sendo usado para dar um destino adequado a esses plásticos que hoje são um problema ambiental”, diz José Maria.

O estudo foi desenvolvido no doutorado de José Maria, orientado por Maria Catarina

O estudo foi desenvolvido no doutorado de José Maria, orientado por Maria Catarina Kasuya

Os resultados da pesquisa já foram publicados na revista PlosOne em dois artigos que podem ser conferidos nos links: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0069386;http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0107438 .

(Léa Medeiros)

Professor da UFV toma posse na Academia Brasileira de Ciências

Postado por Marcos Jose Mendes Miranda Miranda em 14/maio/2015 -

O professor Adriano Nunes Nesi, do Departamento de Biologia Vegetal da UFV, tomou posse na categoria membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) regional Minas Gerais e Centro Oeste para o período 2015-2019. A cerimônia de diplomação dos novos afiliados foi realizada no dia 28 de abril, no Rio de Janeiro.
A categoria em que o professor Adriano passou a ocupar é voltada para jovens cientistas de até 40 anos, indicados por região do Brasil para integrarem os quadros da Academia por cinco anos. O resultado foi divulgado em dezembro. Da UFV, somente fazem parte da Academia Brasileira de Ciências os professores Elizabeth Pacheco Batista Fontes e Evaldo Ferreira Vilela. Também já representaram a Universidade na ABC os ex-professores Paulo Alvim e José Cândido de Mello Carvalho.
No perfil divulgado pela Academia, Adriano Nesi se disse honrado em receber o título e que está “muito ansioso” com a possibilidade de interagir com profissionais de alto nível e participar de debates sobre a ciência no Brasil. “Vou procurar contribuir e representar a Academia da melhor forma possível”, ressaltou.
Adriano Nesi é professor da UFV desde 2010. Formou-se em Agronomia pela Universidade do Estado de Santa Catarina em 1997, fez mestrado em Fruticultura de Clima Temperado pela Universidade Federal de Pelotas, em 2000, e doutorado em Ciências Agrárias – Fisiologia Vegetal pela UFV, em 2004. Parte do doutorado e o pós-doutorado foi realizado no Instituto Max-Planck de Fisiologia Molecular de Plantas em Potsdam-Golm, Alemanha.

No ano passado, foi um dos quatro únicos brasileiros citados no ranking dos cientistas que mais influenciaram o mundo de 2002 a 2013, publicado pela Thomson Reuters. Na fotografia abaixo, Adriano (à esq.) com o presidente da ABC, Jacob Palis (terno cinza), e os novos membros afiliados.

Cerimônia de posse

Cerimônia de posse


(07/05/2015)

(Coordenadoria de Comunicação Social – Fonte: ABC)